Resumo |
Os plásticos convencionais são derivados do petróleo, são não-renováveis e com decomposição lenta. Além disso, libera compostos tóxicos, tais como, plastificantes, aditivos e microplásticos. Esses compostos sofrem bioacumulação e são tóxicos para todos os organismos. Uma solução para essas questões são os bioplásticos, que em sua maioria são fabricados a partir de moléculas biodegradáveis, como a celulose. O objetivo desse trabalho foi desenvolver um bioplástico de metil-celulose reforçado com nanocristais de celulose de grãos de café de baixa qualidade com capacidade de liberação lenta de antibióticos para uso médico e como embalagem para conservação de alimentos. Os nanocristais de celulose foram produzidos a partir de grãos de café de baixa qualidade não indicados para produção de bebidas (café verde e café boia). Os grãos foram moídos e clarificados com uma solução de NaOH/H2O2 e hidrolisados com H2SO4 a 65% m/v, resultando em uma suspensão de nanocristais de celulose. Os bioplásticos de metil-celulose com e sem nanocristais foram produzidos pelo método de casting a partir de uma solução 5%m/v de metil-celulose, acrescida de 40%m/m de glicerol e 50ul de Tween 80. Uma concentração de 0,72mg/mL de ampicilina foi adicionada aos bioplásticos, em seguida, esses foram submetidos a inoculação com Escherichia coli BL 21 a 37°C por 24h e o número de UFC/cm2 foi avaliada. Os nanocristais de celulose, bem como, os bioplásticos foram submetidos a caracterizações por Infravermelho (IV), Microscopia de Força atômica (AFM), Termogravimetria (TGA), Resistência a tração, Colorimetria (RT), Potencial Zeta (ZP) e Cromatografia liquida de Alta Eficiência (HPLC). O rendimento dos nanocristais de celulose foi de 77% e sua distribuição de tamanho foi 28-100nm de comprimento. O indicie de cristalinidade dos nanocristais foi de 68% sendo considerada semicristalina, o espectro de IV apresentou picos compatíveis com amostras de celulose e o HPLC confirmou a presença de unidades monomérica de celulose nos nanocristais. A solução de nanocristais de celulose produzida possui estabilidade em pH=7 com módulo de 22, 7mV. Os bioplásticos de metil-celulose puro e metil-celulose/nanocristais apresentaram boa resistência a tração com módulo de Young de 3%, sendo que os bioplásticos contendo nanocristais de celulose de café apresentaram maior resistência a degradação térmica, cerca de 20% a mais que os bioplásticos sem nanocristais de celulose. Todos os bioplásticos foram capazes de diminuir o número de UFC/cm2 de E.Coli, sendo que a presença de nanocristais aumentou o tempo de liberação de ampicilina, ou seja, liberou de forma mais lenta quando comparado ao bioplástico sem nanocristais de celulose. Portanto, esses filmes biodegradáveis e solúveis em água são promissores no uso como dispositivos biomédicos, por exemplo, usados como curativos no tratamento de feridas e queimaduras. Além disso, podem ser usados como embalagens biodegradáveis para alimentos com baixa umidade. |