Resumo |
O café é o segundo produto mais vendido no mundo. As transações de exportação do café brasileiro somaram, de janeiro a agosto de 2021, aproximadamente R$3,8 bilhões. A busca por alternativas para o aproveitamento dos resíduos gerados durante a cadeia produtiva do café é fundamental para a indústria sustentável. Foi demonstrado que os extratos hidroetanólicos de resíduos de café boia e verde apresentam compostos bioativos, como os polifenois e ácidos clorogênicos, que possuem potentes propriedades antioxidantes. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi avaliar as propriedades antioxidantes dos extratos hidroetanólicos de café verde e boia, grãos de baixa qualidade para a produção de bebida. O conteúdo fenólico total foi obtido por meio do método de Folin- Ciocalteu e calculado utilizando uma curva de calibração construída a partir de solução de ácido pirogálico. Análises de atividades antioxidantes dos extratos foram realizadas por meio do ensaio da captura do radical livre DPPH (2,2- difenil-1-picrilhidrazila) e do radical ABTS [2,2’ -azino-bis (3-etilbenzotiazolin) 6-ácido sulfônico]. Para o café boia foi observada a concentração de 35,8 ± 3,3 GAE mg/g (resultado calculado considerando a quantidade equivalente de ácido pirogálico em mg por grama de extrato) enquanto que para o café verde foi 67,9 ± 1,8 GAE mg/g. O ensaio de Folin-Ciocalteu sugeriu que os extratos têm conteúdo fenólico significativo e atividade antioxidante potencial. No ensaio de DPPH os valores de IC50 para o BHT (controle positivo de atividade antioxidante), extrato de café boia e extrato de café verde foram de 53.2, 1440 e 506.3 µg/mL, respectivamente. Os valores obtidos para os extratos são estatisticamente diferentes e superiores ao IC50 do BHT. Para confirmar o potencial antioxidante dos extratos foi realizado o ensaio ABTS. Valores de IC50 para o ácido ascórbico (controle positivo de atividade antioxidante), extrato de café boia e extrato de café verde foram de 5.5, 186.6 e 85.04 µg/mL, respectivamente. Novamente, os valores obtidos para os extratos são estatisticamente diferentes e superiores ao IC50 do ácido ascórbico. Dessa forma, o extrato de café verde apresenta maior potencial antioxidante, visto que é necessário menor quantidade de extrato para produção de atividade antioxidante comparada ao café boia. Este resultado é corroborado pelo maior teor de compostos fenólicos no café verde quando comparado com o café boia. Teste de estabilidade acelerado foi realizado e os resultados mostraram que a capacidade antioxidante dos compostos bioativos dos extratos expostos em diferente temperaturas (4 e 37 °C) permanecem alta (acima de 50%) por pelo menos 90 dias em estoque. Assim, os extratos apresentam prazo de validade adequado para uso comercial. Dessa forma, os extratos possuem potencial para serem utilizados como fontes de compostos antioxidantes, podendo ser incorporados, por exemplo, na produção de embalagens ativas e biodegradáveis para a conservação de alimentos. |