Resumo |
A situação pandêmica instaurada em 2020, fez com que o estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estadual de Educação, decretasse a suspensão das aulas em março de 2020, o que vigorou até o segundo semestre de 2021, posto que as escolas públicas passaram a operar em caráter híbrido e, mais tarde, de forma presencial. Sendo assim, na E.E José Lourenço de Freitas, buscou-se suplementar o ensino e a aprendizagem dos estudantes através de projetos extracurriculares, a exemplo do Concurso de Fotografias “Em Casa”. Infere-se que o referido buscava revelar a realidade cotidiana, levando em consideração um espaço apropriado e conhecido pelos discentes, ou seja, o espaço doméstico. Posto isto, as 108 fotografias angariadas foram organizadas na página do instagram “PIBID-UFV Geografia”, de modo que fizeram-se corriqueiras o enquadramento do céu em diferentes momentos do dia, fotos de atividades domésticas, animais, membros da família, plantas e dos próprios alunos, o que faz com que imaginemos que acabaram por gravar o que consideram verdadeiramente belo, denominando-os de “paisagem” e “natureza” no processo, ou importantes para sua constituição enquanto seres pensantes. Além disso, a maior parte das descrições foram sucintas e não trouxeram impressões suficientes para explicar o porquê de determinada fotografia ter sido capturada pelo estudante, de modo que frustrou-se as expectativas dos envolvidos no projeto, afinal, esperava-se que os alunos tivessem analisado e discutido cada uma das fotografias com menos parcimônia, ou seja, que tivessem ultrapassado a barreira do visível, debruçando-se também sobre os aspectos invisíveis da fotografia, provocando maiores indagações naqueles que lêem o produto final. A fim de que se explique, trata-se que, um discente do sexto ano, fotografou uma orquídea, detentora de um vaso próprio, e espécies vegetais selvagens em seus arredores, contudo, denominando todo conjunto enquanto “Natureza”. A partir da análise da imagem e de sua legenda, é factível que o estudante interprete tudo o que é "verde" enquanto natureza ou que despreze todo o cenário no entorno e esteja denominando o que é agradável aos olhos (flor) de “Natureza”, assim, o fotógrafo acabou por economizar as palavras no processo de abordar suas ideias e sentimentos, fazendo com que a foto se tornasse apenas esteticamente agradável e com pouco significado para aquele que a vislumbra. Nesse contexto, têm-se a consciência de que a professora regente e os bolsistas poderiam ter feito um trabalho mais robusto quanto ao desenvolvimento da percepção, de modo a incentivar o exercício da interpretação e da análise da importância intrínseca à disposição dos objetos físicos e humanos no espaço geográfico. Por fim, ratifica-se que, apesar do aproveitamento incipiente, o projeto se fez valioso, pois trouxe o estudante como centro das atividades pedagógicas e seu ambiente de vida como conteúdo de ensino, galgando-se em uma educação mais regional e questionadora. |