Resumo |
Este projeto de pesquisa em andamento tem como objetivo realizar um estudo acerca da produção crítica contida nos jornais e revistas acadêmicos da São Paulo do século XIX, publicados entre os anos de 1847 e fins da década de 1860. O corpus da pesquisa é composto por trinta e cinco jornais, em sua maioria disponíveis na plataforma digital da Biblioteca Nacional, a Hemeroteca Digital. O interesse focal do projeto é a segunda geração romântica brasileira, que em sua maioria se concentrou na cidade de São Paulo, mais especificamente na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Sabendo disso, a metodologia empregada na pesquisa se resume à leitura e fichamento desses jornais e revistas no intuito de buscar por vozes dissonantes do panorama mais amplo da crítica literária oitocentista em meados do século XIX. Para que tal objetivo seja atingido, é necessário que, primeiro, se compreenda o que seria uma voz dissonante. Elas são manifestações que se afastam da voz hegemônica que predominava na crítica literária da época. Em linhas gerais, as vozes hegemônicas do período romântico da literatura brasileira buscavam construir uma identidade literária para o país. Sendo assim, havia uma grande preocupação em evitar os temas internacionais e exaltar os brasileiros, como os tipos sociais presentes na sociedade da época, as condições geográficas e naturais do país (cor local), ou seja, características que diferenciassem o Brasil das demais civilizações e fossem motivo de orgulho nacional. A busca por dissonâncias se mostra de extrema importância, pois há uma ideia de que havia apenas as vozes hegemônicas no mundo literário oitocentista. Sendo assim, toda uma história da literatura e crítica brasileira tende a passar uma imagem consolidada de que havia uma convergência de pensamentos e ideias. Porém, como pode ser constatado com os dados recolhidos da pesquisa até o dado momento, isso não é de todo verdadeiro. Foi possível encontrar cerca de vinte e dois artigos de autores que buscavam outros recursos para pensar a produção local. Isso sugere que, além de existirem vozes que destoavam das demais, elas eram bem presentes no campo intelectual da São Paulo do século XIX, uma vez que, num universo de 59 artigos até agora localizados, 42,3% não se pautavam pelo localismo. Por fim, a pesquisa poderá apresentar dados contundente para que sirvam de auxílio a uma revisão do que se sabe até hoje da segunda geração romântica brasileira. Isso se mostra necessário porque, conforme Moreira (2013), a crítica literária oitocentista inventou a nossa literatura. Portanto, tudo o que viermos a saber sobre essa crítica se faz relevante. |