Resumo |
INTRODUÇÃO: Todo cuidado é passível de erro, entende-se por segurança do paciente (SP) a redução, a um mínimo aceitável, do risco de danos desnecessários associados a assistência em saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que anualmente são realizadas 330 milhões de cirurgias no mundo, com registro de 7 milhões de Eventos Adversos (EA) e 1 milhão de pacientes evoluindo para óbito. No Brasil, alguns estudos, obtiveram uma incidência de 3,5% - 21,8% de EA cirúrgicos. Portanto, a ocorrência de incidentes caracteriza um grave problema de saúde pública, no qual o Centro Cirúrgico (CC) representa um ambiente de grande desafio para um cuidado seguro devido as ações de alta complexidade realizadas no setor. OBJETIVOS: analisar a cultura de segurança do paciente (CSP) sob a ótica da equipe de enfermagem em centro cirúrgico de um hospital de ensino. METODOLOGIA: Estudo quantitativo do tipo transversal realizado com 3 enfermeiras e 8 técnicas de enfermagem de um CC. A coleta de dados foi feita por meio da aplicação do questionário Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC), realizada de forma remota pela plataforma “Google Forms”, durante o mês de julho de 2021. Para análise dos dados cumpriu-se as recomendações da Agency for Healthcare Research and Quality, que considera “áreas fortes da segurança do paciente” as assertivas cujo escore foram superiores a 75% e “áreas frágeis da segurança do paciente” aquelas com escores inferiores a 50%. RESULTADOS: Os resultados evidenciaram que a CSP nesse setor foi caracterizada como frágil, tendo uma média geral de percentual positivo de 57,2%. Somente 3 dimensões foram consideradas áreas fortes para a SP: “Aprendizagem organizacional/melhoria continuada” (86%), “Feedback e comunicação sobre erros” (78%) e “Expectativas e ações da direção/supervisão da unidade/serviço que favorecem a segurança” (77,8%). A dimensão de maior escore está relacionada a valorização da aquisição de conhecimentos e avaliação dos erros gerando transformações positivas. As dimensões restantes foram classificadas como áreas frágeis ou com potencial de melhora, com destaque para a dimensão “Apoio da gestão hospitalar para segurança do paciente” que obteve o menor escore (28%). No que tange a “Frequência de eventos notificados”, nos últimos 12 meses apenas 36,4% dos profissionais realizaram alguma notificação (3 enfermeiros e 1 técnico). CONCLUSÃO: Os resultados evidenciaram a necessidade de elaborar estratégias para o fortalecimento da CSP, pois essa ainda não está instituída dentro do campo pesquisado. Ademais, o estudo apontou a fragilidade de notificação EA, ressaltando a importância de difundir a CSP e envolver toda a equipe de enfermagem nessa atividade. Espera-se que os resultados encontrados possam auxiliar a gestão atuar de forma mais participativa e eficaz na SP, a fim de garantir uma assistência qualificada e segura, com a consequente redução de incidentes relacionados aos cuidados em saúde. |