“Bicentenário da Independência: 200 anos de ciência, tecnologia e inovação no Brasil e 96 anos de contribuição da UFV”.

8 a 10 de novembro de 2022

Trabalho 16314

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Letras
Setor Departamento de Letras
Bolsa PIBIC/CNPq
Conclusão de bolsa Não
Apoio financeiro CNPq
Primeiro autor Jun Andrade Valentini Vieira de Souza
Orientador GRACIA REGINA GONCALVES
Título A risada subversiva: a reversão de hierarquias em Rebuliço no Pomar de Goiabeiras de Kiran Desai
Resumo A masculinidade implica uma construção diária, e em seu livro XY: Sobre a identidade masculina Elisabeth Badinter expõe diversos tipos de atitudes que corroboram a subjetividade do indivíduo. Neste trabalho podemos explorar a construção do protagonista Sampath, de Rebuliço no Pomar de Goiabeiras (1998), obra de estreia da escritora indiana Kiran Desai, o qual, analogamente à personagem central de O Barão nas Árvores (1957), de Ítalo Calvino, expõe, como contraponto de inúmeros valores do senso comum, um comportamento adverso, totalmente fora dos padrões ocidentais. Nascido em uma pequena aldeia da Índia, único barão da família, ele percorre uma trajetória de negação de diversas expectativas em torno de sua projeção social e econômica, em especial, se considerados os requeridos a um representante do sexo masculino: auto-suficência, geração de renda, procriação. A fina tessitura de humor no texto se manifesta a partir do fato que a criança nasceu após uma longa seca, em meio a um a chuva repentina, fator suficiente para caracterizá-lo como “milagroso”; seu desempenho social, porém, não corresponde à prévia descrição de um possível fenômeno: não se gradua, não se encaixa em nenhum emprego regular, não se casa. Assim, para refugiar-se da presumível civilização que desdenha, ele se retira para um bosque, passando a viver estoicamente tendo construído um parco abrigo por sobre uma árvore. Contudo, eventual, e ironicamente, ele assume uma posição de líder esotérico, re-significando posições antes criticadas. Em sua inserção no mundo natural, fica sugerida no texto uma interação ideológica deste com o princípio de respeito ao não-humano, representado, não coincidentemente, pelo enorme número de macacos que circundam a área. Reverte-se assim, metaforicamente, mais uma hierarquia: desta vez no campo do saber. Como principal objetivo deste trabalho pretende-se, então, à luz de estudiosos como Badinter, explorar a descaracterização do, tanto do saber ocidental, quanto do modelo de masculino padrão, através de Sampath. Em paralelo pretende-se i) investigar, dentro da perspectiva estudos de gênero, a reversão de expectativas recorrentes a respeito, em torno do indivíduo e seu desempenho em sociedade; ii) fazer convergir para o melhor efeito crítico, a ascensão de Sampath como líder espiritual e seu aspecto, então de “comodidade” e aceitação pela família; e iii) finalmente, explorar sua afinidade conforme demonstrada ao final com os símios que assumem novo protagonismo na história, numa alusão ao retrocesso da posição “do humano”. A focalização desta sociedade exposta como do espetáculo segundo Guy Debord, e a valorização metafórica do “não humano” orientam esta reflexão.
Palavras-chave Pós-colonialismo, Saber, Gênero.
Forma de apresentação..... Painel
Link para apresentação Painel
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