Resumo |
Introdução: No Brasil, o conteúdo de esportes aquáticos natação, embora tradicional nos currículos de Educação Física (EF), tem uma realidade de acesso à prática muito limitada, sobretudo, por questões estruturais e socioeconômicas. Isto traz implicações para as possibilidades, perspectivas e apropriações durante a formação inicial de profissionais da área. Objetivo: Analisar a história pregressa, percepções, perspectivas e apropriações da experiência formativa de professores em formação inicial em EF com o conteúdo natação. Métodos: Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Viçosa, sob o número registro CAAE: 57966622.3.0000.5153. Foram convidados estudantes do curso de Educação Física (Bacharelado e Licenciatura) da Universidade Federal de Viçosa, que concluíram a disciplina de Natação I. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário online (Google Forms). Resultados: Foram analisadas 23 respostas do questionário online, sendo 52,11% mulheres e 47,8% homens. Com base na autodeclaração de cor/raça baseado na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 52,2% eram de estudantes brancos; 26,1% eram pardos; 21,7% pretos. Todas as pessoas responderam que tiveram a acesso a piscina em algum momento da vida antes do ingresso no ensino superior, mas, para a maioria este acesso ocorreu em espaços privados como clubes esportivos (91,3%), enquanto apenas 17,4% tiveram acesso a alguma piscina pública. Para 87% a atividade aquática ocorreu de forma não orientada, de forma recreacional e lúdica. 52,2% dos participantes relataram já ter praticado a natação como atividade sistematizada. Porém, 78% alegam que não possuíam habilidades básicas no meio líquido para garantirem a própria segurança. No que se refere aos conhecimentos sobre a modalidade adquiridos durante a graduação, a maioria consegue associar estes conhecimentos com disciplinas do eixo biodinâmico, sugerindo aproximação com o lazer e recreação, iniciação esportiva, estudos fisiológicos e biomecânicos. Entretanto, 30,4% responderam que conseguiriam relacionar os conhecimentos sobre a modalidade com o eixo didático e pedagógico, que tangenciaria as possibilidades do conteúdo no espaço escolar. Conclusão: Este estudo concluiu que aproximadamente 50% dos participantes do estudo não adquiriram saberes experenciais sistematizados com a natação antes de ingressarem no ensino superior, sendo a graduação a primeira oportunidade de vivenciar a sequência de aprendizagem de adaptação ao meio líquido até iniciação aos quatro nados. Menos da metade dos estudantes consegue associar os conhecimentos adquiridos com a natação com o eixo didático-pedagógico dos conhecimentos, o que pode ter relação com a carência de oportunidades de atuação na realidade educacional pública brasileira. |