Resumo |
Introdução: O câncer é um problema de saúde pública no Brasil e mundo, representando um dos maiores desafios na atualidade. A etiologia das neoplasias resulta da interação entre diversos fatores, sendo a alimentação um fator modificável com influência direta sobre a suscetibilidade ao desenvolvimento da doença. Objetivo: O objetivo do estudo foi avaliar o consumo alimentar pré-diagnóstico e fatores de risco para o desenvolvimento de câncer em pacientes oncológicos atendidos em hospital da região de Viçosa-MG. Metodologia: Trata-se de um estudo de análise transversal observacional, com amostra por conveniência (n=80) composta por 42 mulheres (52,5%) e 38 homens (47,5%), em tratamento oncológico atendidos no Hospital Nossa Senhora das Dores, em Ponte Nova-MG. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa (protocolo n°: 2.914.664) e todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados de consumo foram coletados no período de agosto de 2019 a março de 2020, utilizando Recordatório Alimentar Habitual pregresso à doença. A adequação alimentar foi avaliada de acordo com as Dietary Reference Intakes (DRIs), o grau de processamento dos alimentos de acordo com a classificação NOVA, o Poder Antioxidante de Redução Férrica (Ferric Reducing Antioxidant Power-FRAP) e os Produtos Finais da Glicação Avançada (Advanced Glycation End-Products-AGEs) foram avaliados mediante tabelas disponíveis na literatura. O potencial inflamatório da dieta foi calculado através do software Inflammation Factor Rating System (IF Rating). Foram utilizados os testes de Shapiro Wilk e de Mann-Whitney, adotando nível de significância de 5%. Resultados: As localizações de câncer mais frequentes foram mama (22,5%) e colorretal (16,3%) e a maior parte da amostra era inativa fisicamente (73,5%). As maiores prevalências de inadequação de ingestão foram observadas para as vitaminas A (65,0%), B5 (93,8%), B6 (73,8%), B7 (98,8%) e B9, D, E e K com 100%. Dos minerais, magnésio (72,0%), selênio (85,0%) e potássio (87,0%) foram os mais inadequados do ponto de vista de consumo. Por sua vez, os macronutrientes carboidratos (43,0%), proteínas (6,3%) e lipídeos (38,8%) apresentaram inadequação inferior a 50%. Os alimentos in natura e/ou minimamente processados forneceram a maior parte das calorias da dieta (73%), a ingestão mediana de AGEs foi de 3.8881,6 kU/dia e do FRAP igual a 5,26 mmol/L. Por fim, 83,8% (n=67) da amostra apresentaram dieta fortemente inflamatória (FI=-201 ou inferior). Conclusões: Não foi possível estabelecer associação entre o consumo alimentar e os fatores de risco para o câncer, contudo, os achados demonstram que a maior parte dos indivíduos apresentavam padrão alimentar inflamatório, com ingestão inadequada de nutrientes antioxidantes. Assim, faz-se necessário estabelecer hábitos alimentares saudáveis visando a prevenção desse diagnóstico. |