Resumo |
Introdução: O sono é um estado comportamental, reversível, cíclico e que apresenta características funcionais essenciais para manutenção de diversos órgãos, tecidos e sistemas e, portanto, alterações em sua estrutura ou até mesmo em sua distribuição podem ocasionar diversos efeitos deletérios à saúde e a performance esportiva de um atleta. Atualmente, a procura por corridas de endurance e ultraendurace em ambientes naturais como trilhas e montanhas tem crescido de forma exponencial e, devido as particularidades dessa modalidade, é possível que o treinamento ou a competição, esteja relacionada a alterações no sono. Por isso, é de suma compreender o sono de desportistas desta modalidade para potencializar sua performance esportiva. Objetivo: Avaliar o perfil de sono de atletas, bem como comparar os parâmetros qualitativos e quantitativos do sono de praticantes do “trail running” de modalidade de Endurance (AE) e de Ultraendurance (AUE) durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Trata-se de pesquisa de natureza observacional, transversal a partir de uma amostra de conveniência na qual 53 atletas (27 do grupo AE e 16 do grupo AUE) foram avaliados parâmetros qualitativos do sono, por meio de questionários validados, incluindo o Índice de Qualidade de sono de Pittsburgh (PSQI), Escala de Sonolência de Epworth (ESE), Índice de Gravidade de Insônia (ISI) e a Avaliação do Cronotipo. Os dados categóricos foram analisados pelo teste de qui-quadro/extrato de Fischer e os dados contínuos pelo modelo generalizado linear/não-linear (GLzM). Os resultados foram apresentados como frequência [percentual] ou média ± desvio padrão, respectivamente. Resultados: Os achados do presente estudo demonstram uma prevalência de participação maior de pessoas residentes na região sudeste do Brasil (33 [79,07%]) mas não houve diferenças entre o grupo AE e o grupo AUE (p > 0,05). Além disso, pode-se dizer que não houve diferença estatística para a classificação ou escore referente ao perfil cronotípico, bem como, não foi possível observar diferenças na ESE. Também não foi observada diferença estatística para dimensões do questionário de qualidade de sono (PSQI), assim como para o escore total. Todavia, em relação ao IGI foi possível observar o grupo AE apresentou maiores escores totais no questionário (5,79 ± 5,51 vs 3,18 ± 4,13; p < 0,05) assim como maior frequência de insones moderados em comparação ao AUE (7 [16,3%] vs 0 [0,0%]; p < 0,05). Conclusão: Possivelmente a pandemia do COVID-19 levou o grupo AUE a reduzir o volume de treinamento semanal devido ao cancelamento das competições enquanto atletas do grupo AE mantiveram a elevada carga de treinamento contribuindo para que esse grupo tivesse maiores relatos de insônia. |