Outros membros |
Clara Teixeira Ferrari, GUSTAVO SOARES IORIO, IRENE MARIA CARDOSO, Júlio César Matheus, Marcela Heleno Silva, MARILDA TELES MARACCI, Roberta da Silva Leite Cardoso, Willian Apoleano Lopes Bento |
Resumo |
A Serra do Brigadeiro, localizada na Zona da Mata Mineira, é predominantemente ocupada por unidades agrícolas familiares, com forte presença de diversos modelos de produção agroecológica, fundamentada na sustentabilidade e justiça social. Entretanto, quando vem a público, na década de 2000, a realização de estudos prospectivos de bauxita, a prática da agricultura familiar agroecológica passa a ser ameaçada pela mineração. Resultando no choque entre territorialidades opostas. Acrescenta-se ainda neste contexto um processo de etnogênese, entendido como o autorreconhecimento e busca de reconstrução étnica, vivido pelo povo indígena Puri nos estados do sudeste, onde tradicionalmente residem. A etnogênese mostra a busca da ancestralidade para o resgate de práticas culturais que foram sendo apagadas ao longo de séculos. O processo de etnogênese se reflete no Censo de 2010, onde foi registrado a população autodeclarada de 675 Puri em todo país e 46 nos municípios da Serra do Brigadeiro. Números estes que podem estar bem aquém da realidade atual, como apontado por diversos moradores locais. Estudos anteriores realizados na Serra do Brigadeiro, apontam para a existência de uma relação entre identidade étnica Puri, organização comunitária e a prática da agroecologia. Muitos dos costumes da etnia resistiram e se expressam nos diversos usos da biodiversidade da Mata Atlântica, na agricultura ecológica e na espiritualidade. Sendo assim, houve a construção deste projeto que une pesquisa e extensão a fim evidenciar a presença e a expressão da identidade Puri na Serra do Brigadeiro, que hoje se reivindica o nome Serras dos Puri. O Mapeamento Popular apresenta-se como ferramenta fundamental pela sua capacidade de articular a materialidade e o simbólico, e assim expressar o entendimento territorial da comunidade em detrimento da cartografia oficial. Com isso o mapeamento popular se dispõe como uma ferramenta de representação geográfica, cultural e ambiental que pode ser usada tanto em fins didáticos, tanto como legitimador em futuras mobilizações. Em conversas com representantes locais de Araponga foi definido as metodologias para a realização deste projeto de mapeamento, consistindo na realização de visitas, encontros culturais e em atividades com a juventude local. Até o momento realizamos uma série de visitas nos municípios de Araponga, Canaã, Divino e Ervália, com uma robusta base de dados listados, ainda a serem sistematizados na forma de mapa, realizamos um encontro com pessoas de diversas comunidades de Araponga e Jequeri com parte dos dados sistematizados em texto e todos eles sistematizados em um mapa inicial, e com data marcada para julho para a realização de atividades com a juventude local. Devido a vários relatos e indicativos podemos concluir que o projeto de mapeamento popular das Serras dos Puri é uma importante ferramenta na potencialização de processos sociais preexistentes na região. |