Resumo |
Esta pesquisa resulta das reflexões teórico-analíticas e metodológicas, operadas na disciplina Prática de Ensino de Geografia, ofertada pelo curso de Licenciatura em Geografia da Universidade Federal de Viçosa no primeiro semestre de 2021. Nesta disciplina elaboramos uma proposta de cartilha abrangendo conteúdo geográfico e direcionada para os anos finais do Ensino Fundamental II. Entendida como uma mediação dos processos de ensino-aprendizagem, a cartilha foi alvitrada para fomentar o reconhecimento da diversidade e problematizar as muitas violências e silenciamentos sofridos pelas pessoas LGBTQIAP+ nos diversos âmbitos, inclusive na escola. Isso exige a consideração dos sujeitos em sua totalidade (com seus corpos, sua cultura, seus sentimentos) e de medidas eficazes para a redução da prática de bullying, diminuindo a sensação de insegurança, fracasso e, até mesmo, a evasão escolar. O produto educacional foi pensado a partir da observação participante das pesquisadoras no campo de estágio sobre as experiências espaciais vivenciadas por grupos submetidos a regimes de opressão no espaço escolar. Para a confecção da cartilha intitulada “Pergunte a si mesmo: eu sou contra o bullying? A escola em qualquer lugar é uma escola anti-bullying” nos baseamos nos documentos normativos da Educação Básica, tais como a Base Nacional Comum Curricular e os Parâmetros Curriculares Nacionais, bem como na bibliografia existente sobre essa temática. Em nossas análises utilizamos os distintos e interseccionados marcadores sociais de gênero e sexualidade. O objetivo principal do recurso didático, com potencial para ser desenvolvido na subárea denominada Geografia da População, consistiu em apresentar uma proposta de material didático que permita a problematização de pensamentos, representações e atitudes consideradas opressoras no espaço escolar (como o bullying) e, consequentemente, fora dele. A produção da cartilha como uma estratégia pedagógica contra a intolerância representa um instrumento de reflexão para a práxis docente, tendo em vista que chama atenção para temáticas historicamente negligenciadas/silenciadas, tanto socialmente quanto cientificamente. Desse modo, possui relevância não apenas pedagógica ou acadêmica, mas também social, auxiliando no combate ao preconceito e discriminações relacionados a questões de Gênero e Sexualidade. Nesse ínterim, a ciência geográfica possui um papel ímpar na luta coletiva contra os poderes hegemônicos que norteiam o saber e o poder nas instituições, como a escola, de maneira a descortinar o “véu” da dominação e do controle da ordem social cis-heteronormativa, subvertendo-as. Portanto, uma das contribuições da Geografia neste debate consiste em suscitar discussões sobre a sexualidade no ensino, promovendo no espaço educacional críticas às pedagogias conservadoras e discriminatórias e potencializando pedagogias de reconhecimento da diferença, da diversidade e dos distintos tipos de sujeitos escolares. |