Resumo |
A serapilheira é constituída por materiais de origem vegetal (folhas, ramos, frutos, sementes e flores) e por materiais de origem animal, sendo considerado um importante componente dos ecossistemas florestais, pois fornece matéria orgânica e regula a ciclagem de nutrientes. Nesse sentido, o estoque de serapilheira é um importante bioindicador para avaliar florestas em processo de restauração. O presente estudo objetivou avaliar a serapilheira acumulada em uma área afetada por rejeitos de mineração provenientes do rompimento da Barragem de Fundão em Mariana – MG, que vem sendo restaurada pela Fundação Renova. Sendo assim, a área afetada foi dividida em três tratamentos, denominados de A, B e C, de acordo com a proximidade do ecossistema de referência. O tratamento A está localizado mais próximo de um fragmento florestal não atingido pelo o rejeito, o tratamento B está em nível intermediário e o tratamento C está situado mais distante do fragmento florestal. Nesse cenário, foram alocados 20 pontos em cada tratamento, com distância de 5 m entre cada ponto. Foi coletado todo material orgânico contido no interior de um gabarito de 0,5 x 0,5m (0,25m2) alocado em cada ponto. O material coletado em cada ponto foi levado para o Laboratório de Restauração Florestal (UFV), onde as amostras foram colocadas em estufa a 70° C durante 72 horas. Após a secagem, o material foi pesado em balança analítica de precisão para obtenção da massa seca. As médias de serapilheira acumulada, encontrada nos tratamentos (A, B e C), foram comparadas através do Teste Tukey para amostras independentes, ao nível de significância de 5%. Como resultados, o tratamento A (12,26 t/ha) e o tratamento B (8,07 t/ha) não apresentaram diferenças estatísticas entre si, enquanto que o tratamento C (7,06 t/ha) diferiu estatisticamente do tratamento A. Esse resultado indica que a proximidade com o fragmento florestal influencia na serapilheira acumulada. A menor quantidade de serapilheira observada no tratamento C pode ser justificada pela distância entre este tratamento e o fragmento florestal de referência, não atingido pelo rejeito. Contudo, pode-se observar a tendência de um aumento gradual da serapilheira entre os estratos, como já está sendo observado entre os tratamentos A e B. Sendo assim, a serapilheira acumulada na área impactada reflete o potencial de resiliência do ambiente. A matriz florestal da paisagem, no entorno da área, contribuiu para o aumento da serapilheira, demostrando que a proximidade de fragmentos florestais facilita o processo de sucessão. O aporte de serapilheira no presente estudo colabora para a formação de um Tecnosolo mais estruturado e fértil devido à incorporação de matéria orgânica e ciclagem de nutrientes. |