Resumo |
Diante do cenário educacional ocasionado pela pandemia de COVID-19, muitos estudantes ingressaram no ensino superior, nos anos de 2020 e 2021, no sistema remoto de ensino. O primeiro ano na Universidade é um momento de transição que representa muitas mudanças e descobertas e exige os mais variados níveis de adaptações. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa foi investigar as vivências acadêmicas dos calouros que chegaram ao ensino superior no período do ensino remoto. A pesquisa foi realizada com estudantes da Univiçosa e dos três campi da Universidade Federal de Viçosa, utilizando-se de métodos quantitativos e qualitativos: com o uso do Questionário de Vivências Acadêmicas, reduzido - QVA-r, acrescido de questões formuladas pelos pesquisadores sobre o período remoto e uma roda de conversa. O questionário foi enviado, através de um link do Google Forms, para o e-mail dos coordenadores de cursos dessas instituições com a solicitação de que estes encaminhassem a pesquisa aos estudantes. Participaram da pesquisa 186 calouros dos anos de 2020 e 2021, sendo 83,3% da UFV e 16,7% da Univiçosa e dois estudantes estiveram presentes na roda de conversa online. O QVAr analisa cinco áreas de adaptação acadêmica: 1) carreira (questões relacionadas a sentimentos quanto ao curso e perspectivas de carreira), 2)estudo (hábitos de estudo, administração do tempo, uso de recursos de aprendizagem e preparo para avaliação), 3) institucional (o que os estudantes conhecem sobre a instituição, o que pensam desta e como avaliam a mesma), 4) interpessoal (interações com colegas e formação de amizades) e 5) pessoal (percepção sobre o bem-estar físico, emocional, otimismo e autoconfiança dos estudantes). Em uma escala de 1 a 5 na qual o 1 representa “Nada a ver comigo” e o 5 representa “Tudo a ver comigo”, temos que, em relação às cinco grandes áreas exploradas, os resultados gerais demonstram uma melhor avaliação dos estudantes participantes da pesquisa na dimensão carreira (média 4,01); institucional (média 3,76) e estudo (média 3,49), o que indica boas percepções dos universitários nessas áreas. Em contrapartida, obteve-se pior avaliação nas dimensões interpessoal (média 3,46) - indicativos de dificuldades nos relacionamentos interpessoais como um dos efeitos do isolamento social gerado pela pandemia e pelo ensino remoto e pessoal (média 2,21) - que demonstrou aumento de ansiedade, tristeza, oscilação de humor e pessimismo. Em relação à roda de conversa, apesar dos participantes terem declarado que o ensino remoto não é ideal para o processo de ensino-aprendizagem, reconheceram alguns pontos positivos, como o fato de não precisarem se deslocar, mudar de cidade e a possibilidade de estar próximo à família, além de sua praticidade. A pesquisa demonstrou também que parte dos participantes possui dificuldade de tomar decisões e de administrar o tempo, sendo indicativos de falta de autonomia. |