Resumo |
O empreendimento minerário da Zona da Mata Mineração S.A (ZMM), implantado no limite entre os municípios de Teixeiras e Pedra do Anta (MG), para além das problemáticas que comumente acompanham a mineração, como conflitos com as comunidades afetadas, desarticulação cultural das famílias atingidas, poluição e incertezas, trouxe consigo uma questão pouco abordada e visibilizada nesse tipo de realidade: o escoamento da produção do minério in natura. Isso porque, no caso estudado, o escoamento da produção é via modal rodoviário (carretas), ou seja, todo minério extraído na mina entre os municípios de Teixeiras e Pedra do Anta atravessa seis municípios nos seus pouco mais de 130 quilômetros, até chegar ao seu principal destino, o município de Conselheiro Lafaiete. Em seu trajeto, os veículos passam por diversas rotas urbanas e, principalmente no município de Viçosa (MG), trouxeram diversos transtornos à população que reside, trabalha ou utiliza serviços nos bairros que estão na rota das carretas. Dessa forma, esse estudo tem por objetivo entender e analisar como o transporte desse minério impacta as vias públicas, a infraestrutura das residências, a segurança, o trânsito e o cotidiano da população do município de Viçosa. Para isso, utilizou-se como metodologia a realização de uma densa pesquisa bibliográfica em livros, teses, dissertações, monografias e artigos científicos que abordavam os conflitos envolvendo mineração e seus impactos. Além disso, houve participação em espaços/manifestações e em uma Audiência Pública na Câmara Municipal de Viçosa, ocorridas em 2021, que trouxeram o tema para a pauta. Também foi elaborado um banco de dados com as principais notícias coletadas em jornais locais, estaduais e da mídia virtual sobre a problemática, divididas em um quadro eixo-qualitativo, que estão contribuindo para as análises da situação conflituosa e, até o momento é possível inferir que a população afetada encontra pouco respaldo do poder público para resolver ou atenuar a questão. Ademais, o estudo tem permitido entender que a responsabilidade em organizar e compreender o problema tem ficado a cargo de lideranças de movimentos sociais como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), ONGs como o NACAB, grupos de pesquisa da Universidade Federal de Viçosa como o PACAB, e a atuação das associações de moradores dos bairros e de alguns setores da Igreja Católica, que orientam, mobilizam, denunciam e apontam irregularidades à população e ao poder público. Os dados parciais apontam que a percepção da população sobre o papel da empresa ZMM tem sido de omissão quanto à sua responsabilidade e da falta de propostas concretas que possam agir no sentido de mitigar o problema. Por fim, é importante, destacar que esta pesquisa se encontra em andamento, no qual será realizado entrevistas semiestruturadas com atores chaves que se encontram convivendo com esse problema, para que esses dados tragam mais cores sobre essa situação. |