Resumo |
A indústria cerâmica brasileira corresponde a 4,8% do setor de construção civil, além de gerar em torno de 900 mil empregos. Entretanto, mesmo diante de tamanha importância econômica, esse ramo tem produzido toneladas de resíduos diariamente que, ao passo que não tem outra função de uso, são descartados de forma incorreta pelas indústrias. Logo, estas unidades cerâmicas podem ser moídas e formar um resíduo denominado chamote. Com o intuito de resolver a problemática de resíduos poluentes, diversos estudos são feitos para que estes sejam empregados como componentes de materiais de construção, uma vez que o setor é um grande consumidor de recursos naturais, assim, ao reaproveitar resíduos no lugar desses insumos, é possível tornar a construção civil uma área mais sustentável e eliminar descartes incorretos. Os aglomerantes álcali-ativados já têm sido empregados em estudos para uso na construção civil, uma vez que podem ajudar a reduzir a emissão de dióxido carbono (CO2) na atmosfera. Logo, dentro dessa classe, há um subgrupo, chamado geopolímero. Os materiais precursores para a produção de geopolímeros são aqueles ricos em silica e alumina e estes não exigem calcinação a alta temperatura, evitando a liberação exagerada de gases poluidores. O vidro é um material amplamente utilizado e, dada a sua larga aplicação, a taxa de resíduos é alta, fazendo com que o material seja um problema ambiental e econômico. Logo, estudos foram feitos para analisar a possibilidade de ser reciclado ao retornar à indústria de vidro, porém, por se tratar um processo complicado por questões logísticas, sua reutilização para esse fim se tornou impraticável. Assim, outro caminho a seguir para aplicar os resíduos tem sido em materiais de construção, já que apresenta tamanhos de partículas que podem auxiliar em propriedades como a plasticidade e controle de retração. Portanto, o objetivo do presente trabalho é a análise da utilização de rejeito de indústrias cerâmicas (30 e 80% de adição) e resíduos de vidro como matérias primas para a produção de geopolímeros. Para isso, ensaios de caracterização física e mecânica dos corpos de provas foram realizados para comprovar a viabilidade técnica do estudo. Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que o chamote apresenta características físicas que possibilitam o seu uso em geopolímeros, uma vez que possui granulometria e composição química adequadas. Além disso, o resíduo de vidro possui características que permitem inferir uma alta reatividade e, portanto, elevado potencial para aplicação em álcali-ativação como fonte de sílica solúvel. Assim, este estudo demonstrou que a produção de geopolímeros a partir de chamote, resíduo de vidro e areia é uma alternativa com viabilidade técnica, ambiental e econômica. Logo, evita-se que o rejeito, de baixo custo, seja disposto inadequadamente no ambiente e permite que seja utilizado para o desenvolvimento sustentável. |