Resumo |
Na rotina clínica do médico veterinário buiatra é comum a ocorrência de quadros clínicos de patologias associadas a desidratação, porém, em contradição, a literatura carece de informações relevantes para determinação precisa do grau de desidratação em bovinos adultos, sendo assim, a capacidade do clínico para estabelecer parâmetros exibidos pelo animal desidratado se apresenta como um julgamento frequentemente sujeito a erros pois é baseado na identificação dos sinais clínicos presentes e, portanto em critérios subjetivos. Desequilíbrios hídricos, eletrolíticos e ácido-base são frequentes associados na espécie bovina e se relacionam à fisiopatologia de diferentes doenças. O exame hemogasométrico possibilita a análise dos gases sanguíneos, por meio da verificação da pressão parcial de oxigênio (pO2), da pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2), bicarbonato HCO3 e pH, tais fatores permitem a avaliação do equilíbrio ácido-base do organismo e tal equilíbrio é dependente das concentrações de fluidos e eletrólitos no organismo. Objetivou-se com esse trabalho determinar parâmetros hemogasométricos que pudessem permitir a avaliação ácido-base nos diferentes graus de desidratação em bovinos adultos. O experimento foi realizado no Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa, no município de Viçosa, Minas Gerais. Foram utilizadas 10 bovinos, fêmeas, clinicamente saudáveis, não gestantes e apresentando bom escore corporal com peso variando entre 235 e 591kg e, estes, foram incluídos randomicamente no experimento, em um delineamento intra-grupos, no qual todos os indivíduos foram submetidos ao mesmo protocolo de desidratação. O protocolo foi constituído de 72 horas de restrição hídrica e alimentar. Nesse período os animais foram submetidos à avaliações laboratoriais hemogasométricas, considerando-se um intervalo de 8 horas entre as avaliações. Foi avaliado os valores de pH, pressão parcial de dióxido de carbono (pCO2), cHCO3 e concentração de base (cBase), diferença de íons fortes (DIF) e ânion gap (GAP). A análise dos parâmetros hemogasométricos, nas condições desse estudo, mostrou que não houve alterações significativas oriundas do protocolo utilizado para desidratação em bovinos, tal fato se deveu à capacidade de animais hígidos compensarem as variações através dos seus sistemas homeostáticos. No entanto, sabe-se que grande parte dos bovinos desidratados que chegam para atendimento na rotina clínica apresentam algum distúrbio físico ou outra enfermidade associada à desidratação o que consequentemente pode desencadear a presença de desequilíbrios ácido-base, se fazendo de grande importância a avaliação hemogasométrica. |