Resumo |
A semente da abóbora (Cucurbita pepo) é um subproduto que ainda é pouco explorado e geralmente é destinado à ração animal ou até descartado. A hidrólise enzimática das proteínas da semente de abóbora (PSA) é uma alternativa para geração de peptídeos potencialmente bioativos, bem como, para produção de hidrolisados com propriedades técnico-funcionais superiores em relação à proteína nativa. A Flavourzyme® é uma protease comercial composta por uma mistura de enzimas com atividades exo e endopeptidase e por isso sua utilização em processos de hidrólise torna-se estratégico. Porém, o uso de enzimas em processos industriais é desafiador devido à baixa taxa de conversão, longo tempo de reação e alto consumo de energia. Neste contexto, estudos mostram que a tecnologia de ultrassom (US) pode ser uma alternativa para superar essas limitações potencializando a hidrólise enzimática. Desta forma, este estudo avaliou o efeito do pré-tratamento da Flavourzyme® e da PSA por US na atividade enzimática. A solução enzimática (0,5% p/v) e a solução de PSA (1% p/v), ambas diluída em tampão fosfato de sódio 0,1 M em pH 7,5, foram pré-processados por US (40kHz, 23,8W/L) nas temperaturas de 25, 40 e 55 °C por até 180 min. Após os pré-tratamentos, determinou-se a atividade enzimática realizando a hidrólise na proporção 1% enzima/proteína, em pH 7,5, na temperatura de 55 °C, por 30 min. A atividade enzimática relativa após o pré-tratamento por US da enzima (AERE) e do substrato (AERS) foram calculadas considerando a atividade das amostras processadas por ultrassom em relação às não processadas, na mesma condição de temperatura. Com base nos resultados obtidos, verificou-se que o pré-tratamento da Flavourzyme® por US à 25 e 40 °C foi capaz de promover ativação enzimática (aumento na AERE de até 22,4% à 25 °C e 14,4% à 40 °C - p<0,05). Por outro lado, o pré-tratamento da enzima por US à 60°C promoveu uma redução na AERE (redução de até 73,2% após 180 min - p<0,05). Em relação ao pré-tratamento ultrassônico da PSA, verificou-se um aumento na AERS independente da temperatura de pré-tratamento (aumento máximo de 25,7%, 20,9% e 15,7% à 25, 40 e 60 °C, respectivamente - p<0,05). Esses efeitos são, provavelmente, consequências do colapso das bolhas de cavitação provocadas pelo US, que induziram mudanças conformacionais na estrutura da Flavourzyme® e da PSA, expondo novos sítios ativos da enzima e/ou melhorando o acesso da enzima ao substrato processado. Assim, conclui-se que o US é uma estratégia interessante para potencializar a ação Flavourzyme® sobre PSA visando a maximização da produção de compostos de interesse industrial. |