Resumo |
INTRODUÇÃO: Doenças tropicais negligenciadas são um grupo de doenças de origem bacteriana, viral, parasitária, fúngica e não transmissíveis; muitas delas possuem em seu ciclo vetores e reservatórios animais. O acesso inadequado ao saneamento básico, a água potável, e as condições adequadas de higiene propiciam o aparecimento dessas doenças e marcam seu caráter social. Ademais, essas doenças historicamente recebem pouca atenção da saúde pública, baixo interesse das indústrias farmacêuticas e financiamento insuficiente para pesquisas. Por todas essas razões uma intervenção global é urgente, principalmente, diante da pandemia causada pelo SARS-CoV-2. Em 2020, com a pandemia, a implementação de serviços essenciais de saúde para as doenças tropicais negligenciadas foi afetada, dentre essas doenças, menciona-se a hanseníase. Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, a doença envolve o comprometimento principalmente da pele e nervos periféricos; que atualmente tem cura, apesar dos estigmas que existiram no passado. OBJETIVO: Analisar a tendência temporal da hanseníase entre os anos de 2019 a 2020 no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo ecológico, de séries temporais, dos anos de 2019 e 2020. Os dados de notificação da hanseníase foram extraídos do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Para a análise de tendência foi utilizado o software Stata (versão 12) e empregado o modelo de regressão linear de Prais-Winsten, em que a variável independente foi o mês de cada ano analisado e a variável dependente a taxa de notificação da doença. RESULTADOS: A tendência apresentou-se estacionária nos dois anos analisados. No entanto, na análise descritiva dos dados foi possível observar uma queda na notificação em 2020 (queda de 35,44%). CONCLUSÕES: A queda observada reflete o baixo rastreamento epidemiológico (endemicidade oculta), e não a queda dos diagnósticos de casos. Os dados, portanto, apontam a necessidade da sensibilização dos gestores e profissionais de saúde sobre a atenção contínua que as doenças tropicais negligenciadas merecem na agenda de saúde, sobretudo em locais com piores indicadores sociais. |