Resumo |
No contexto atual de descrédito da ciência e emergência de desastres ambientais cada vez mais frequentes e violentos, faz-se urgente e prioritária a popularização do conhecimento científico e o estabelecimento de canais de diálogo academia-sociedade. Em 2016 foi criada a Rede Terra-Água, integrando diferentes pesquisadores com foco na recolonização da mata ciliar e ambiente aquático da bacia do rio Doce, que foi seriamente afetada pelo desastre socioambiental envolvendo a barragem da SAMARCO/BHP Billiton/Vale, em Mariana, MG, em 2015. Desde então, a Rede tem buscado formas de divulgação dos projetos e de seus resultados nas redes sociais. Em 2020 o perfil da Rede contava com apenas 20 seguidores no Instagram. A partir da pergunta “Por que a ciência ecológica não chega ao público extra-acadêmico?”, neste trabalho visamos implantar e aperfeiçoar canais de comunicação e intercâmbio entre o público geral e os pesquisadores da Rede. Pressupomos que a falta de canais eficientes de comunicação aumenta a lacuna entre a ciência e o público geral, e propomos cinco hipóteses relacionadas: H1 – Irregularidade; H2 – Hierarquização do conhecimento; H3 – Descrédito do conhecimento científico; H4 – Descrédito do cientista; H5 – Linguagem inadequada. Centramos nossos esforços no Instagram, onde predominam conteúdos audiovisuais. Publicamos (i) resumos de artigos, com imagens referentes ao conteúdo, dando prioridade para produções dos próprios pesquisadores, mantendo a identidade visual; (ii) vídeos curtos sobre os projetos, mostrando o dia a dia de laboratório e campo, humanizando e aproximando o cientista do público ao mostrar o processo do fazer científico; (iii) enquetes em postagens temporárias, sobre preferências e sugestões do público. No decorrer das atividades do projeto, nosso número de seguidores chegou a 385, com destaque para a postagem sobre os resíduos do rompimento da barragem em Mariana nas árvores da região, que chegou a 10.375 visualizações, agregando novos seguidores. Acreditamos que nossos resultados demonstram como atividades frequentes, aliadas à estratégia de aproximação do público com os pesquisadores através do compartilhamento de seus trabalhos, e tudo isso interligado por uma identidade visual estabelecida, mostrou como o uso estratégico de ferramentas das redes sociais pôde potencializar o alcance da ciência ecológica de maneira importante. Contamos com uma retaguarda cuidadosa, que exigiu um processo minucioso e trabalhoso, desde o contato com as produções científicas, a produção audiovisual propriamente dita, até toda a revisão do conteúdo por pares competentes, de forma a garantir o rigor, veracidade e pertinência das postagens. A organização de toda a rede de colaboradores para viabilizar estes produtos só foi possível pelo grande número de pesquisadores, estudantes bolsistas e estagiários voluntários envolvidos na Rede Terra-Água, por sua pró-atividade e dinâmicas auto-organizativas extremamente eficientes. |