Resumo |
As doenças de veiculação hídrica, como diarreia, giardíase e dengue, por exemplo, ligadas ao baixo nível de desenvolvimento e condições precárias de saneamento básico, ainda atingem níveis de acometimento preocupantes sobre a população brasileira, sendo responsáveis por milhares de mortes por ano, em destaque de crianças; além de volumosa quantia despendida em gastos públicos com internações hospitalares. Até mesmo em estados com maior nível de desenvolvimento e participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país, como Minas Gerais, essa problemática se faz presente e resulta em perdas humanas e de capital humano. Nesse sentido, levando em consideração que a educação se configura como um dos principais fatores que influenciam o acometimento das referidas doenças, uma vez que maiores níveis de escolaridade e de informação impactam positivamente nas condições de saúde e consequente noções de higiene básica da população, o presente estudo busca analisar a influência dos gastos públicos per capita em educação sobre a incidência de doenças de veiculação hídrica no estado de Minas Gerais durante o período de 2002 a 2017; e inova ao analisar as doze mesorregiões do estado. Para tal, utilizou-se o estimador de Método Generalizado dos Momentos (GMM) para dados desbalanceados em painel dinâmico, com observações de 824 municípios de Minas Gerais, cujos dados foram extraídos do Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS) da Fundação João Pinheiro (FJP). Foi possível observar que ao longo do período analisado, para todo o estado mineiro, não houve variações significativas em termos dos gastos públicos e incidência das doenças, em que os primeiros apresentaram pequena elevação e as segundas uma ínfima queda. No que tange a análise das mesorregiões, nota-se que também não houve variações relevantes nos fatores ao longo do tempo, mas fica evidente que aquelas com maior nível de gastos públicos educacionais per capita são as que menos sofrem com tais doenças, denotando-se de forma clara e como era esperado o efeito negativo dos maiores dispêndios educacionais sobre a incidência das supracitadas doenças. Desse modo, o estudo aponta a importância dos maiores investimentos em educação pública com vistas a elevar as condições de saúde e bem-estar da população e, assim, poupar recursos em saúde curativa e internações hospitalares, representando uma melhor e mais eficiente alocação de gastos públicos, podendo ser aplicada não somente no estado base para o trabalho, mas também para todo o país. |