Resumo |
Este estudo de caso examina o trabalho intercultural realizado a partir da disciplina Encontro de Saberes e Práticas Educativas (PRE 431) oferecida no Período Emergencial Remoto 2020/01. Os objetivos da pesquisa foram identificar a interculturalidade e refletir sobre a formação de professores. O instrumento pedagógico (formativo e avaliativo) “Caderno da Caravana dos Saberes Populares” foi o objeto deste estudo. Analisei suas contribuições para expressão diversificada das aprendizagens com foco na interculturalidade. A abordagem é qualitativa e a investigação adota procedimentos como análise documental, observação participante, entrevistas individuais semiestruturadas e questionários. A análise dos dados foi feita por meio da análise de conteúdo. A compreensão da abordagem de integração de conhecimentos e modos de ver e pensar a realidade na educação investiga cooperação, pontos de articulação, complementaridade, enriquecimento mútuo e trocas. As entrevistas com as professoras/or idealizadoras/or da disciplina indicaram pistas aos caminhos ou temas da abordagem intercultural. Sinceridade nas narrativas, mudanças na forma de ver e perceber a vida, sensibilização da escuta e inquietações das/dos estudantes determinaram as escolhas das expressões da interculturalidade nos cadernos. A diversidade das formas de aprendizagem, realidade do território em que cada pessoa está inserida, diálogo autêntico, escuta profunda, interação entre pessoas, integração de saberes, vivências contextualizadas, circularidade, confluência e transfluência foram as categorias das análises interculturais. Os estudantes que viveram a experiência mostram que a escuta das mestras e mestres dos saberes populares foi observada como oportunidade de começar a entender a dinâmica de alguns movimentos e compreender como o mundo é plural. A autonomia e liberdade de escolha das formas de expressão de aprendizagens contribuiu para a construção do conhecimento. Infindáveis estigmas e preconceitos precisam ser percebidos, esclarecidos e (re)interpretados para a transformação da desigualdade nas relações de poder que nos atravessam e se impõem às nossas ações e discursos. Precisamos prosseguir atentas/os à caricaturização do popular e à abordagem superficial de saberes descontextualizados ou à folclorização pejorativa de mitos, símbolos e ritos. |