Resumo |
A endometrite consiste na principal causa de subfertilidade em éguas e é considerada a terceira patologia mais comum em equinos. Visando o fornecimento de ferramentas para o tratamento de tal afecção, novas terapias, como a ozônio terapia, vêm sendo recentemente estudadas, em função do potencial antimicrobiano e capacidade oxidativa do ozônio. Entretanto, o impacto do uso do gás sobre a integridade tecidual é desconhecido. Em vista disso, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o efeito da insuflação uterina de éguas saudáveis com gás ozônio (O3) sobre o endométrio através da avaliação de citologia uterina. Para tanto, quatro éguas não gestantes com idade entre 6 e 18 anos foram utilizadas, sendo de cada animal, amostras coletadas durante o período de estro e/ou diestro. Durante todo o período experimental, as éguas foram submetidos a avaliações por meio de palpação e ultrassonografia transretal modo B. O tratamento intrauterino de mistura gasosa foi realizado na concentração de 44 µg/L de O3, com taxa de insuflação de ¼ de litro por minuto. A coleta de dados foi efetuada previamente ao tratamento e passadas 48hrs após aplicação do O3, por meio de lavado intrauterino em baixo volume (LBV). Após a realização do LBV, o conteúdo recuperado foi transferido para um tubo Falcon estéril e destinado à centrifugação. Ao final do procedimento, o sobrenadante foi descartado e swabs estéreis imersos no pélete obtido. Os swabs foram então rolados sobre lâmina de vidro, sendo as amostras coradas em Panótico Rápido e destinadas à análise por meio de microscopia de luz em aumento de 400x. A contagem de neutrófilos em 10 campos focais foi efetuada. Todos os dados quantitativos foram submetidos ao teste de normalidade dos dados e a homogeneidade das variâncias, posteriormente submetidas a ANOVA, e as médias comparadas pelo teste de Tukey com 5 % de probabilidade de erro. Nenhuma das éguas foi capaz de eliminar a inflamação uterina gerada pelo tratamento empregado dentro de 48hrs, tendo todos indivíduos apresentado citologia positiva. Quando realizada durante o período de diestro, a insuflação foi associada a observação de edema uterino intenso (5, em escala de 1 a 5) em 66,67% dos animais. Embora o efeito inflamatório seja esperado após aplicação da técnica, mais estudos são necessários para determinação da segurança do uso desse gás em tratamentos intra uterinos de éguas. |