Resumo |
Excetuando-se a região Norte, o câncer de mama é a principal causa de morte por câncer na população feminina do Brasil em todas as regiões, sendo que para o triênio 2020-2022 esperam-se cerca de 66.280 casos por ano. Nesse contexto, o estado de Minas Gerais figura como o terceiro com maior incidência da doença no país, com uma taxa de 59,43 casos por 100 mil habitantes em 2020. Diante desses fatores elencados, o presente estudo tem como objetivo analisar os efeitos dos gastos públicos per capita em saúde sobre a taxa de mortalidade por câncer de mama em Minas Gerais no período 2002-2017, a partir dos dados do Índice Mineiro de Responsabilidade Social (IMRS). Para alcançar o objetivo foi utilizado um modelo com dados em painel dinâmico. O estimador utilizado foi o Estimador de Momentos Generalizados (GMM), realizado em primeira diferença. A hipótese central do trabalho estabelece que o impacto dos gastos públicos com saúde sobre a mortalidade depende diretamente da composição dos gastos e da estratégia adotada para combater a doença. Desse modo, considera a possibilidade que os gastos públicos com saúde possam ter impacto positivo ou negativo sobre a mortalidade por câncer. Na medida que os gastos públicos forem voltados para medidas de combate aos fatores de risco (prevenção primária) e diagnóstico precoce (prevenção secundária), se espera que os dispêndios com saúde sejam efetivos em reduzir a mortalidade do câncer mamário. Entretanto, se os gastos estão voltados para tratamento em fases mais avançadas da doença, com objetivo de reabilitação e cuidados paliativos (prevenção terciária), é esperado uma relação positiva entre os gastos com saúde e a mortalidade por câncer de mama. Os resultados demonstraram que os gastos públicos per capita com saúde tiveram impacto positivo sobre a taxa de mortalidade por câncer de mama, o que sugere que os municípios mineiros não estão sendo bem sucedidos em estabelecer estratégias de combate aos fatores de risco e diagnóstico precoce, com os gastos sendo realizados em tratamentos mais custosos e menos efetivos. Desse modo, verifica-se a necessidade de políticas públicas que incentivem hábitos saudáveis entre as mulheres como forma de combater os fatores de risco. Ademais, recomenda-se a implementação de medidas de diagnóstico precoce, o que poderia ser obtido através de estratégias de rastreamento mamário. |