Resumo |
Ações antropogênicas como modificações do campo térmico urbano e uso intenso de sistemas de condicionamento de ar contribuem para o cenário de mudanças climáticas no âmbito mundial. Em decorrência dessas alterações, uma mesma cidade pode apresentar condições climáticas distintas, caracterizando diferentes microclimas. Em Viçosa-MG, verificamos particularidades que não condizem com o mesoclima da cidade, predispondo uma investigação térmica das condições de contorno e microclima de duas edificações institucionais localizadas na Vila Giannetti, campus da Universidade Federal de Viçosa, referentes à sede da Divisão Psicossocial (DVP). Assim, objetivamos avaliar o desempenho térmico de ambas edificações influenciadas pelo microclima urbano no espaço construído e a qualidade dos arquivos climáticos existentes da cidade mencionada. Para tal, realizamos medições in loco de temperatura de bulbo seco (TBS) e umidade relativa (UR) de 26 fevereiro à 12 de março de 2020 e de 11 a 27 de abril de 2022, esta última para compensar uma frente fria com precipitação atípica em 2020. Para a nova medição utilizamos 15 termo-higrômetros da marca HOBO (HOBO/ONSET U12), 7 localizados na parte externa (representando todas as fachadas principais de ambas as casas) e 4 na parte interna de cada edificação. Os termo-higrômetros alocados no exterior foram protegidos com escudos de alta refletividade para reduzir os efeitos de aquecimento causado pela radiação. Além disso, medimos as temperaturas superficiais das paredes e coberturas em 4 dias distintos, sempre no mesmo horário (15:00h), com auxílio da câmera termográfica da marca FLIR (modelo E60vt). Utilizamos os dados externos para editar o arquivo climático TMY3 para Viçosa, criando 10 arquivos climáticos (4 arquivos para cada casa referentes as 4 fachadas principais de cada edificação e 2 arquivos com dados médios de TBS e UR para cada casa). Aproveitando os dados de 2020, preparamos mais 6 arquivos climáticos para reavaliar as condições atípicas. Para simulação, utilizamos o software EnergyPlus versão 8.9, com o método de cálculo do balanço térmico validado pelo método Bestest da ASHRAE 140. Simulamos os modelos computacionais das edificações da DVP utilizando os 16 arquivos produzidos, a fim de comparar os resultados de TBS, UR e temperatura superficial medidos in loco e os obtidos por simulações. Esse processo de comparação é conhecido como calibração. O modelo é dito calibrado quando os dados medidos e simulados diferirem no máximo +/-1°C TBS e +/-10% UR. Além da calibração do modelo para melhoria do processo de simulação, esperamos que as simulações possibilitem avaliar e quantificar a influência do microclima urbano em edificações institucionais e avaliar a capacidade dos arquivos climáticos já existentes (TMY, TRY, Multianual) em representar características específicas de microclima. |