Resumo |
Introdução: a relevância da morbimortalidade pela COVID-19 requer estudos na atualidade para embasar políticas públicas. Objetivos: analisar os fatores de risco para mortalidade e a sobrevida de adultos brasileiros hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) pela COVID-19. Metodologia: coorte de adultos brasileiros com 20 a 59 anos completos hospitalizados por SRAG pela COVID-19, registrados no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe em 2020 e 2021, e com diagnóstico por critério laboratorial. Desfecho: tempo de observação, definido como o tempo do primeiro dia de hospitalização até a evolução do caso, caracterizada como óbito ou recuperação. Variáveis explicativas: sociodemográficas, clínicas e evolutivas. Analisaram-se frequências absolutas e relativas, medidas de tendência central e variabilidade, testes de associação pelo Qui-quadrado e risco relativo com intervalos de confiança de 95%. Variáveis com p<0,20 foram incluídas em modelo robusto de regressão de Poisson. Realizou-se análise de sobrevida com a variável dependente tempo de observação. Utilizou-se a função de sobrevivência de Kaplan-Meier para estimar a probabilidade de sobrevida e as variáveis com p<0,05 foram incluídas no modelo de regressão de Cox. Estimaram-se as Hazard Ratio (HR) e intervalos de confiança de 95%, sendo significante p<0,05. Por ser pesquisa com dados de domínio público e que não identificam participantes, não necessita aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Resultados: analisaram-se 598.124 adultos. A idade mediana foi 46 anos, com 6 dias medianos de hospitalização. Dentre os hospitalizados, 58% eram homens, 51,6% brancos, 47% pretos/pardos, 96% moradores da zona urbana e 80,4% da macrorregião Centro-Sul. A SRAG-crítica e as doenças crônicas afetaram 76,8% e 73,1%, respectivamente. Os óbitos ocorreram em 20,7% dos homens, 23,5% dos pretos/pardos, 20,1% dos indígenas/amarelos, 25,2% dos habitantes da zona rural, 26,7% dos residentes no Norte/Nordeste, 25,2% dos casos de SRAG-crítica e 27,1% dos casos de doenças crônicas não-transmissíveis. Identificaram-se os seguintes riscos de óbitos: 11% maior nos pretos/pardos, 10% maior nos indígenas/amarelos, 22% maior nos moradores de zona rural, 30% maior nos habitantes da região Norte/Nordeste, 8% maior nos portadores de doença crônica não-transmissível e 3 vezes maior na SRAG-crítica. Conclusões: a coorte analisou a sobrevivência e fatores preditores de óbito em adultos hospitalizados por SRAG pela COVID-19 no Brasil, em dois anos. Foram preditores para os óbitos: raça preta/parda e indígena/amarela, habitar na zona rural e na região Norte/Nordeste, apresentar doença crônica não-transmissível e evoluir com SRAG-crítica. Como implicações para a prática clínica e políticas públicas, o estudo representa os adultos brasileiros hospitalizados por SRAG pela COVID-19 durante dois anos de pandemia e contribui para a ampliação dos conhecimentos acerca da sua morbimortalidade. |