Resumo |
A pandemia do novo corona vírus (SARS-CoV-2) impactou fortemente o cenário mundial, em seus diversos âmbitos, gerando consequências econômicas, sociais, políticas e, consequentemente no campo educacional. A fim de evitar a contaminação, foi prescrito por epidemiologistas e infectologistas, a suspensão das atividades presenciais. Mediante a situação emergencial, Governos Estaduais e Municipais desenvolveram diferentes meios para a realização de atividades remotas, a Secretaria Estadual de Minas Gerais (SEE), institucionalizou o Regime de Atividades não Presenciais (REANP), que contou com três principais eixos de trabalho: O Programa se Liga na Educação; o aplicativo Conexão Escola; o Plano de Estudo Tutorado (PET). Dentre esses, o PET se tornou o mais utilizado. O trabalho constitui-se de uma análise de conteúdo, buscando analisar os PETs de Geografia do 08º ano do Ensino Fundamental, com o enfoque nas questões de Gênero. Nesta pesquisa foram analisados os PETs do 8º ano do Ensino Fundamental. A escolha pelo 8º ano se deve pela proximidade com as turmas ao acompanhá-las como residente no Programa de Residência Pedagógica. O objetivo deste trabalho foi verificar no ensino de Geografia, as representações de Gênero que estão sendo abordadas por meio dos PETs. Além disso, busca-se identificar as possíveis mudanças, permanências e ocultamentos, que pautam a temática acerca do gênero. A metodologia utilizada neste trabalho é a análise de conteúdo. Para este trabalho, foi realizado a análise de sete PETs e de outros documentos que nortearam a sua construção, como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), Circulares e Memorandos. Após a análise dos materiais, O PET pode ser compreendido como um currículo, ancorado na BNCC, e o currículo se apresenta como um campo de disputas, e os silenciamentos e ocultamentos presentes são intencionais. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino Fundamental, gênero é apresentado como assunto transversal. Por gênero entende-se todas as relações sociais desiguais de poder entre homens e mulheres, resultantes de uma construção social e cultural do papel de ambos a partir de suas diferenças sexuais. Joseli Silva (2009), nos faz compreender a importância das Geografias Feministas para os estudos de gênero, pois a ciência geográfica apresenta traços característicos que dificultam a expressão das pessoas cujas existências vão em desencontro com o padrão hegemônico cis, heteronormativo, machista, patriarcal e branco. Posto isso, tem-se a necessidade refletir, a quem interessa a invisibilização e exclusão das relações de gênero no currículo escolar e no Plano de Estudo Tutorado. As relações de gênero presentes nos PETs, reafirmam a permanência da exclusão e invisibilização e a produção de identidades distintas entre homens e mulheres. Além disso, possuem um discurso predominantemente masculino, pautado no binarismo e na sexualização dos diversos espaços. |