Resumo |
Introdução: dados sobre a morbimortalidade pela COVID-19 em crianças e adolescentes ainda são escassos. Objetivos: analisar a ocorrência de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) crítica entre crianças e adolescentes hospitalizados por SRAG pela COVID-19 e os fatores associados. Metodologia: estudo transversal de crianças e adolescentes hospitalizados por SRAG pela COVID-19, registrados no Sistema de Vigilância Epidemiológica da Gripe em 2021 e com confirmação laboratorial por PCR (reação de transcriptase reversa seguida de reação em cadeia da polimerase). Desfecho: SRAG-crítica, definida como a necessidade de internação em Unidade de Terapia Intensiva ou de suporte ventilatório, invasivo ou não invasivo. Variáveis explicativas: sociodemográficas, clínicas e evolutivas. Realizou-se análise descritiva e inferencial. Utilizou-se a regressão logística binária, cuja medida de associação foi o Odds Ratio ajustado. Considerou-se significante o valor p<0,05. Por ser uma pesquisa com dados de domínio público e que não identificam os participantes da pesquisa, não é necessário aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Resultados: foram incluídos os dados de 11.399 crianças e adolescentes. Destes, 67,7% evoluíram com SRAG-crítica, que foi mais frequente entre os menores de um ano de idade, residentes na região centro-sul, que apresentavam pelo menos uma comorbidade (doença cardiovascular, asma ou obesidade), tomografia de tórax com padrão típico para COVID-19, usaram antiviral e evoluíram para óbito. No modelo final, os fatores associados à maior chance de SRAG-crítica foram: ser criança (de zero a 11 anos), apresentar as comorbidades asma e obesidade, apresentar resultado de tomografia de tórax com padrão típico de COVID-19 e evoluir para óbito. Conclusões: a evolução mais grave da doença se associou à faixa etária de zero a 11 anos, apresentar as comorbidades asma e obesidade, apresentar resultado de tomografia de tórax com padrão típico de COVID-19 e evoluir para óbito. Como implicações para a prática clínica e políticas públicas, o estudo representa as crianças e adolescentes brasileiros hospitalizados por SRAG pela COVID-19 durante um ano de pandemia e contribui para a ampliação dos conhecimentos acerca da morbimortalidade pela COVID-19. |