Resumo |
O cuidado parental se traduz pela obrigação imaterial inerente aos pais ou devidos responsáveis durante as fases da infância e adolescência dos filhos de lhes propiciar desenvolvimento saudável e pleno. Todavia essa prestação também pode apresentar um poder diretivo negativo na trajetória de vida da prole, tendo em vista que pode ser insuficiente para o referido fim. Além disso, os sistemas nos quais esses indivíduos se relacionam, pais e filhos, bem como as demais relações que estes estabelecem em seus contextos de vivência são afetados pelos processos caracterizadores da relação parental e também podem interferir tanto no cuidado paterno e materno, quanto na significação dele na existência dos indivíduos. O presente trabalho propôs discussão acerca das formas nas quais a parentalidade é exercida nas sociedades contemporâneas ocidentais e seus efeitos no desenvolvimento dos filhos, a partir da perspectiva Bioecológica do Desenvolvimento Humano, de Urie Brofenbrenner, com o escopo de possibilitar formação de pensamento crítico sobre a literatura científica analisada. Trata-se de revisão integrativa sobre a temática. A busca sistemática foi realizada em bases indexadoras, preponderantemente por meio da SciELO - Scientific Electronic Library Online e Ibict Oasisbr - Portal brasileiro de publicações científicas em acesso aberto. Os descritores utilizados foram parentalidade e cuidado parental coligados à Bronfenbrenner. Foram incluídas publicações em português, inglês e espanhol, produzidas entre 2013 e 2018. As abordagens teóricas predominantes se relacionaram à psicologia, enfermagem e educação. Os tipos e objetivos dos estudos encontrados foram diversos e não houve restrição quanto aos procedimentos metodológicos utilizados nos estudos. Concluiu-se que a Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano se faz adequada para o estudo do exercício da função parental e suas repercussões, uma vez que é necessária uma abordagem em que se atente para o contexto social, histórico e econômico das famílias, bem como para relações existentes nesses ambientes e às características individuais dos envolvidos. Foram encontradas limitações nas pesquisas como recortes de classe, negligência quanto às diferenciações existentes entre macrossistemas em estudos comparados, o tangenciamento da maioria das produções quanto a características de pessoais dos indivíduos e à percepção dos filhos. Constatou-se que as políticas governamentais se mostram ineficientes quanto ao auxílio nos processos de desenvolvimento humano em contextos familiares e que as redes de apoio identificadas tanto para os pais, como para a prole e grupo familiar são frágeis e escassas. |