Resumo |
Os garanhões são extremamente importantes no progresso genético das raças, e espera-se que apresentem boa qualidade reprodutiva. No entanto estão susceptíveis a diversas afecções no sistema reprodutor. Com isso, relata-se um caso ocorrido na Unidade de Ensino Pesquisa e Extensão em Equideocultura - UFV, de um garanhão Mangalarga Marchador de 14 anos, que apresentou aumento de volume escrotal, com maior relevância do lado direito. No exame físico, notou-se, de forma bilateral, aumento da temperatura local à palpação, presença de liquido no interior da bolsa escrotal, aumento de volume e sensibilidade dolorosa de epidídimo, testículo, bolsa escrotal e funículo espermático. Por meio do exame ultrassonográfico da região escrotal, confirmou-se presença de líquido (hidrocele), aumento e heterogenicidade da cauda do epidídimo, aumento do calibre da veia testicular central e de vasos sanguíneos periféricos do testículo. O ducto deferente direito apresentou aumento significativo de tamanho, sendo possível ser notado no exame ultrassonográfico (acontecimento raro) e o cordão espermático continha edema intersticial. No espermiograma, observou-se coloração anormal (amarelada) do ejaculado, imobilidade espermática e presença de neutrófilos (piospermia). Diante dos sinais clínicos, dos achados do exame reprodutivo e do exame ultrassonográfico o diagnóstico de inflamação bilateral de bolsa escrotal (periorquite), de testículo (orquite), de epidídimo (epididimite) e de funículo espermático (funiculite) foi estabelecido. Embora a inflamação dos componentes escrotais possa ocorrer de forma secundária a traumas, parasitas (Strongylus oedentatus) e doenças autoimunes, são na maioria das vezes causadas por infecções ascendentes secundárias à vesiculite seminal e ampolites. Com base nisso, foi feito o exame das glândulas sexuais acessórias do paciente por meio de palpação e ultrassonografia e foram encontrados sinais de inflamação das vesículas seminais e ampolas, corroborando com a suspeita de infecção ascendente. Dentre os agentes causadores mais prevalentes, encontra-se a Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella pneumoniae, Streptococcus spp. e Staphylococcus spp. Dessa forma, instituiu-se tratamento com antibioticoterapia sistêmica a base de Sulfadoxina associada a Trimetopim , (3 aplicações de 30ml cada, via intramuscular, com intervalo de 72 horas entre as aplicações, por duas semanas), antiinflamatório não esteroidal sistêmico à base de Flunixina Meglumina (8ml por dia, via endovenosa, por 4 dias), anti-inflamatório e analgésico local à base de Dimetilsulfóxido, duchas frias (3 vezes ao dia, com duração de 30 minutos cada) e probiótico uma vez por dia durante o tratamento para a proteção da flora gastro-intestinal. A intervenção rápida surtiu melhora logo nos primeiros dias de tratamento e o animal respondeu muito bem ao protocolo adotado, retornando à atividade reprodutiva. Portanto, um bom diagnóstico e conhecimento clínico, é essencial para reversão do quadro. |