Resumo |
A próstata é uma das glândulas anexa ao sistema genital masculino sendo importante para a fertilidade, mas também, é alvo de patologias de grande interesse médico-científico como o câncer de próstata (CaP). Este câncer é o tipo não-cutâneo mais frequente e segunda causa por morte por câncer em homens no Brasil e no mundo. Dentre os fatores de risco, crescentes evidências têm mostrado estreita correlação entre a prostatite (inflamação da próstata) e o desenvolvimento do CaP. Embora alguns tipos de células imunes já serem caracteristicamente encontradas em associação com lesões malignas e pré-malignas da próstata, os mecanismos que regem esta correlação ainda são mal definidos. Dentre a ampla gama de moléculas envolvidas no processo inflamatório, há a participação do eixo CX3CR1 e seu único ligante conhecido, fractalkina, que atuam na adesão e quimiotaxia de leucócitos para o local inflamado. CX3CR1 é um receptor transmembrana presente em fagócitos em todo organismo e suas funções são bem estabelecidas em alguns tecidos, estando relacionado no desenvolvimento de doenças como a asma e doenças neurodegenerativas. Adicionalmente, embora o papel deste eixo seja ainda pouco conhecido no câncer, alguns trabalhos apontam um papel pró-tumorigênico no câncer de pâncreas, estômago e ovário. Entretanto, pouco se sabe sobre o papel de CX3CR1 na próstata sadia e em suas desordens patológicas. Desta forma, o presente trabalho objetivou inicialmente investigar a presença e descrever a distribuição de células CX3CR1+ na próstata ventral e dorsal de camundongos adultos. Para isto, foram utilizados camundongos transgênicos CX3CR1-GFP que foram anestesiados via intraperitonial e submetidos a cirurgia para estudo por microscopia intravital (MIV) para visualização de células gfp+ no contexto in vivo. Posteriormente os animais foram eutanasiados e os fragmentos de próstata ventral e dorsal foram removidos, dissecados e fixados em paraformaldeído. Na sequência os tecidos foram congelados e crio-seccionados. Os fragmentos obtidos foram corados com DAPI e analisados em microscópio confocal. Uma surpreendente e intensa densidade de células CX3CR1+ foram visualizadas pela MIV e criosecções do tecido. As células CX3CR1+ são células de formato alongado, com prolongamentos citoplasmáticos variados de espessura e comprimento. Algumas células arredondadas também foram verificadas em menores proporções e possivelmente se tratam de monócitos circulantes. Grande parte destas células localizam-se no estroma glandular, acompanhando o contorno dos adenômeros do parênquima. Embora predominantemente localizadas no estroma, algumas células também foram detectadas em intimidade com epitélio glandular, emitindo prolongamentos por entre as células do parênquima (células secretores e basais), sugerindo que estas células possam participar da interação entre epitélio-estroma, extremamente importante no controle das funções fisiológicas e também no desenvolvimento de patologias. |