Resumo |
Os cistos ósseos integram as chamadas enfermidades ortopédicas do desenvolvimento, podendo ser encontrados em vários ossos do corpo. No equino é bastante frequente no fêmur. A afecção é mais comumente diagnosticada em potros que foram submetidos a traumas biomêcanicos. O grau de claudicação depende da severidade da lesão. Foi atendido no Hospital Veterinário, do setor de Clínica e Cirurgia de Grandes Animais da Universidade Federal de Viçosa, um potro de três anos de idade, da raça Mangalarga Marchador que, segundo o treinador e responsável, estava apresentando discreta claudicação do membro pélvico direito (MPD) havia 45 dias. O quadro ocorreu 15 dias após ter introduzido treinamento para pista, mas ao observar o sinal clínico, a atividade física foi interrompida, e um tratamento iniciado: aplicação de gelo desde a região distal do membro até a proximal do metatarso, além de anti-inflamatório não esteroidal (fenilbutazona) por via intra-venosa, durante cinco dias. A terapia foi repetida depois de 15 dias, mas não houve desaparecimento da sintomatologia. No exame físico em estático (inspeção e palpação) foi constatado discreto aumento de volume na região correspondente à articulação metatarsofalangeana (AMtF) direita e discreta atrofia da musculatura glútea. Na avaliação do animal em dinâmica (passo e marcha) não foi constatada claudicação, entretanto após poliflexão das articulações interfalangeana distal e proximal e AMtF, a mesma foi visualizada no andamento marcha. Como o grau de claudicação não era pronunciado, optou-se por não realizar bloqueios anestésicos. Na sequência foram feitas radiografias da AMtF do MPD, nas projeções dorsoplantar e oblíquas dorsolateral-plantaromedial e dorsomedial-plantarolateral. O exame de diagnóstico por imagem revelou a presença de cisto ósseo subcondral, envolvendo a epífise e metáfise lateral da falange proximal, de aproximadamente 15 mm de diâmetro. De acordo com a literatura científica, cistos localizados na falange proximal, geralmente resultam de sobrecargas afetando a AMtF e osso subcondral. Como consequência, pode ocorrer a invasão do líquido sinovial para a região ainda não ossificada, acarretando elevação da pressão intra-óssea. Existe relato de tratamento de cistos em equinos com ácido hialurônico por via oral durante 60 a 90 dias, mas em geral a melhor opção é o cirúrgico. Portanto, o animal foi encaminhado a um médico veterinário especialista que optou, a princípio, em tratar a lesão com a introdução de um parafuso e o corticoide triamcinolona local, mas o proprietário fez apenas um contato inicial, não sendo o animal submetido a terapia preconizada. É importante destacar que a claudicação pode desaparecer espontaneamente, à medida que o cisto amadurece. |