Resumo |
Meningite Arterite Responsiva a Esteroides (MARE) é uma doença imunomediada que leva a uma vasculite-arterite em vasos meníngeos ao longo da medula espinhal e tronco encefálico. Possui etiologia desconhecida, acomete cães jovens adultos (5-18 meses) e apresenta predisposição por raças como Beagle e Boxer. É caracterizada principalmente por hiperestesia, rigidez cervical, hipertermia e pode apresentar déficits neurológicos em casos crônicos. Objetiva-se por meio deste resumo, relatar o caso de uma cadela, Beagle, não castrada, de 10 anos de idade e peso de 10,7kg, atendida no Hospital Veterinário da UFV. Paciente deu entrada com quadro de rigidez cervical, hiperestesia generalizada, decúbito lateral, relutância ao movimento, vocalização intensa e dispneia. Tutora relatou que paciente iniciou esse quadro há cerca de 2 meses com piora significativa nos últimos 8 dias. Devido ao estado geral da paciente, o exame físico foi prejudicado. Após avaliação clínica, foram estabelecidos diagnósticos diferenciais de MARE, discopatia cervical, discoespondilite, neoplasias e meningites de origem infecciosa. Optou-se por realizar diagnóstico terapêutico para MARE, iniciando administração de prednisolona em dose imunossupressora por 4 semanas, com possível redução gradual na dose, foram prescritos também dipirona e tramadol. Na primeira reavaliação após 3 dias de tratamento, paciente já apresentava deambulação e redução acentuada nos sinais de hiperestesia. Apresentava parâmetros vitais dentro da normalidade, reflexos preservados e discreta ataxia com fraqueza muscular. Foi feita nova avaliação após 7 dias de terapia, onde paciente já apresentava redução da ataxia e da fraqueza muscular. Nesse caso, foi aplicado o diagnóstico terapêutico, com a avaliação da melhora clínica pós tratamento com esteroides em dose alta. A Meningite Arterite Responsiva a Esteroides apresenta prognóstico favorável e indica-se um tratamento de cerca de 6 meses, com redução gradual da dose de esteroides baseada nas avaliações da clínica, do líquor e dos valores séricos de proteína C-reativa. Logo, percebe-se que a paciente citada é um caso atípico, apesar de se enquadrar no padrão racial predisponente, ela não está na faixa etária mais comumente acometida, apresentando nesses casos um prognóstico reservado com prolongamento no tratamento e maiores chances de recidivas da doença. |