Resumo |
Introdução: A falta ao trabalho, quando justificada por licenças em decorrências de problemas na saúde, é denominado de absenteísmo-doença, considerado um fenômeno complexo e multicausal. Sua etiologia abrange fatores pessoais, psicossociais, econômicos, biológicos e ambientais. O índice de absenteísmo no setor público tem mostrado relevância, se tornando ainda mais preocupante pelo impacto econômico gerado ao erário e consequentemente afetando toda a sociedade. Na educação existem aspectos específicos que podem atingir a saúde de seus trabalhadores, em virtude do próprio ambiente escolar e suas relações intersetoriais. Estudar sobre o absenteísmo gera informações pertinentes a respeito da saúde do trabalhador e suas condições de trabalho, possibilitando a elaboração de políticas de saúde que atuem de forma mais direcionadas e efetivas, melhorando a qualidade de vida de forma intrínseca e extrínseca ao trabalho. Objetivo: Objetivou-se conhecer os fatores associados ao número de dias de afastamentos por doença dos servidores públicos federais em uma instituição de ensino e os valores de seus índices ocupacionais no período de 2014 a 2017. Metodologia: Características sociodemográficas, ocupacionais, clíni¬cas e dos afastamentos foram obtidas através da análise documental de prontuários, da base de dados do SIASS (sistema que apresenta informações sobre a saúde dos servidores) e na plataforma SUAP (sistema administrativo da instituição). A coleta de dados aconteceu no período de agosto de 2018 a fevereiro de 2019. Resultados: A caracterização da população foi realizada através da frequência absoluta e relativa. Utilizou-se a regressão linear múltipla. Calculou-se a taxa de absenteísmo-doença (TAD), o índice de frequência (IF), o índice de gravidade (IG) e a duração média das licenças (DML), que foram estratificados por sexo e categoria profissional. A amostra de 5.115 eventos na população de 1.104 servidores confirmou a relação positiva entre idade do servidor e nível de escolaridade com o maior número de dias de afastamento. Os transtornos mentais e comportamentais se destacaram como as doenças que mais tempo afastam o servidor do trabalho. As categorias sexo feminino, residir na cidade que trabalha, servidores que não apresentaram informação sobre a situação conjugal, cargo técnico-administrativo e o tempo de serviço público (até 8 anos e de 25 anos ou mais) mostraram estar associados a menos dias de afastamento. Os valores da TAD e IG tiveram tendência crescente entre os anos estudados. Conclusões: Os resultados apresentados mostram a relevância do absenteísmo-doença no âmbito da educação pública federal e indicam a necessidades de interferência nesse setor no que diz respeito a organização do trabalho e ao processo saúde-doença de seus servidores. |