Bioeconomia: Diversidade e Riqueza para o Desenvolvimento Sustentável

21 a 25 de outubro de 2019

Trabalho 12535

ISSN 2237-9045
Instituição Universidade Federal de Viçosa
Nível Graduação
Modalidade Pesquisa
Área de conhecimento Ciências Humanas e Sociais
Área temática Ciências Humanas
Setor Departamento de Ciências Sociais
Conclusão de bolsa Não
Primeiro autor Wanessa Marinho Assunção
Orientador DANIELA LEANDRO REZENDE
Título Violência contra mulheres rurais na percepção de lideranças do Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas
Resumo A Lei Maria da Penha tem o objetivo de proteger mulheres dos seus agressores, além de estabelecer as bases para os serviços relacionados à violência contra mulher. Contudo, não prevê a diferenciação dos serviços a partir dos diversos contextos das mulheres em situação de violência. Também na maioria dos relatórios sobre o tema não se delimita, por exemplo, a zona de habitação dessas mulheres. Nesse sentido, torna-se mais difícil entender de que forma acontece a violência contra as mulheres rurais, além de combater e prevenir esta situação de forma mais apropriada. Vulnerabilidade estrutural, isolamento social e geográfico, questões socioeconômicas e culturais contribuem para a subnotificação e invisibilidade das violências vivenciadas por mulheres rurais, uma vez que também dificultam o acesso a recursos que permitiriam o rompimento desta situação. A sobrecarga de trabalho é um dos muitos tipos da violência que essas mulheres sofrem. “Cuidadoras” em tempo integral (das plantas, horta, animais, dos filhos, marido, idosos, doentes etc.), acumulam triplas jornadas e tem o seu trabalho invisibilizado – ainda que trabalhem mais horas por dia que seus maridos e desenvolvam as mesmas atividades – na dimensão reprodutiva não é valorizado nem valorado, enquanto na dimensão produtiva (lavouras de milho ou café na região) não é reconhecido por ser considerado apenas uma “ajuda”. Os relatos de várias agricultoras da região são de que no final do dia estão muito cansadas e nem sabem o porquê, já que “só cuidaram da casa, do quintal e ajudaram na lavoura”. Também é grande o número de relatos sobre desânimo, baixa autoestima e uso de medicamentos para dormir e para ansiedade. Desde 2011, o Movimento de Mulheres da Zona da Mata e Leste de Minas (MMZML) articula agricultoras de 14 municípios e tem como missão “empoderar as mulheres fortalecendo a luta pela igualdade de gênero e contra a violência, valorizando a si mesma e ao seu trabalho para melhorar suas condições de vida praticando a agroecologia”. Entretanto, embora a violência contra as mulheres seja uma das suas principais bandeiras de luta, ainda é uma questão difícil de ser abordada. De acordo com as agricultoras, ao viajar para reuniões e encontros, a maioria sofre pressões não só da família como também das vizinhas – que não entendem as suas viagens; que julgam que elas deixaram os filhos, o marido e a casa abandonados – o que denota um controle social informal. A violência institucional, cometida pelo Estado e por seus agentes, também faz parte do seu cotidiano e representa um fator limitante para a denúncia, assim como a violência estrutural: devido a escassa circulação de transporte público, precisam caminhar dezenas de quilômetros para acessar os serviços especializados e de acolhimento, muitas vezes inexistentes na região – situações que dificultam a tomada de decisão para as mulheres rurais romperem com o ciclo de violência dentro de casa e reforçam ainda mais a invisibilidade e subnotificação.
Palavras-chave Mulheres rurais, violência de gênero, Lei Maria da Penha
Forma de apresentação..... Oral
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