Resumo |
Tumores pancreáticos são considerados raros em cães correspondendo a menos de 0.5% das neoplasias que acometem esta espécie. Em sua maioria possuem origem epitelial, sendo as neoplasias derivadas do pâncreas exócrino mais predominantes. Dentre estes tumores, as formas benignas são menos comuns, exibindo a maioria um comportamento maligno caracterizado por metástases difusas, locais ou à distância que geralmente aparecem antes do diagnóstico clínico e podem ocorrer em peritônio, mesentério, órgãos gastrintestinais adjacentes, pulmões e fígado, e com menor ocorrência em baço, rins e diafragma. Assim, os animais acometidos podem apresentar sinais inespecíficos como, perda de peso, vômito, icterícia, distensão e desconforto abdominal. A ultrassonografia abdominal, pode ser um meio de auxílio para diagnóstico da doença, porém, o diagnóstico definitivo é obtido através do histopatológico. Este trabalho, tem o objetivo de relatar um caso de um cão macho, da raça Yorkshire Terrier, de 5 anos de idade, que foi atendido no setor de clínica do hospital veterinário da UFV, apresentando quadro de êmese após alimentação com ração seca há cerca de 2 meses e episódios de diarreia pastosa. Em exames laboratoriais, o animal referido apresentou anemia normocítica normocrômica, leve desvio à esquerda sem leucocitose e linfopenia moderada. Foi realizada ultrassonografia abdominal que evidenciou segmento intestinal espessado, com perda de estratificação usual e lúmen com diâmetro reduzido. Além disto, foi visualizada estrutura hiperecogênica heterogênea de contornos mal definidos entre estômago e baço. Diante dessas alterações, o paciente foi encaminhado para cirurgia de laparotomia exploratória, sendo visualizada durante o procedimento uma grande massa aderida em baço, estômago, pâncreas e porção de duodeno, além de regiões de fibrose intestinal, não sendo identificadas áreas possíveis de realização de enterectomia e enteroanastomose. Foram coletadas amostras para realização de exame histopatológico. O resultado foi compatível com adenocarcinoma pancreático ductal infiltrante. O tratamento quimioterápico para esta neoplasia, não é descrito na literatura como efetivo, estando a exérese cirúrgica como uma das principais opções eficazes para casos de adenocarcinoma pancreático. No presente caso, optou-se pelo fornecimento de terapia suporte ao paciente baseada em protetor gástrico, antiemético, probiótico e suplemento vitamínico, visto a impossibilidade de completa remoção cirúrgica da neoplasia. Desta forma, salienta-se a necessidade de aprimoramento dos meios diagnósticos para esta afecção, uma vez que a mesma apresenta sintomatologia tardia, muitas vezes associada ao local metastático, estando o prognóstico associado à presença ou não de metástases e à realização de um diagnóstico precoce. |