Resumo |
Introdução: as práticas adequadas de aleitamento materno e introdução da alimentação complementar são primordiais especialmente na saúde de lactentes prematuros devido ao maior risco de restrição de crescimento pós-natal, alta demanda de nutrientes e à imaturidade de seus órgãos. Objetivo: analisar as taxas de aleitamento materno, uso de leite de vaca e inadequações alimentares de lactentes prematuros no segundo semestre de Idade Gestacional Corrigida (IGC), comparando-as em dois momentos. Métodos: estudo de coorte não concorrente, com análise documental em prontuários de lactentes prematuros acompanhados em serviço de saúde de referência secundária no município de Viçosa-MG, entre setembro de 2010 e maio de 2018. Descreveram-se os dados sociodemográficos e perinatais. Analisaram-se o tipo de aleitamento, erro alimentar e uso de leite de vaca em dois momentos: 6 meses (compreendendo prematuros entre 4 e 6 meses de IGC) e 12 meses (entre 10 e 12 meses de IGC). Utilizou-se o teste de McNemar para análise comparativa entre a IGC de 6 meses e 12 meses. Consideraram-se significantes valores de p < 0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa (CAAE: 19676613.5.0000.5153). Resultados: foram pesquisados 273 prontuários e, após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, a população de estudo contou com 118 (43,2%). Observou-se renda familiar inferior a dois salários mínimos em 46,6% dos casos, baixa escolaridade em 43,7% das mães e que 47,4% delas trabalhavam fora. Nasceram com peso inferior a 1500g, 25,9% dos prematuros, e, com peso maior ou igual a 1.500g, 74,1%. A idade gestacional foi inferior a 32 semanas em 23,7% e, com com 32 semanas ou mais, em 76,3%. Ao se comparar os prematuros aos 6 e 12 meses de IGC, observou-se a redução da prevalência de aleitamento materno (48,3% vs. 36,4%, p=0,001) acompanhada do aumento da frequência de alimentação artificial (51,7% vs. 63,6%, p=0,001). As prevalências de erro alimentar não mostraram diferenças entre os dois momentos (26,3% vs. 27,1%, p=1,000), porém, as taxas de uso de leite de vaca se elevaram aos 12 meses de IGC (11,0% vs. 23,6%, p<0,001). Conclusão: são expressivas as baixas taxas de aleitamento materno, a utilização do leite de vaca e as inadequações da alimentação complementar em uma população de prematuros cujas famílias apresentam baixa escolaridade e baixa renda. Desta forma, é premente o acompanhamento de saúde destes prematuros em todos os níveis de atenção, especialmente no primeiro ano de vida, com profissionais capacitados para melhores resultados quanto a duração do aleitamento materno e oferta da introdução da alimentação complementar saudável. |