Resumo |
As sacolas de polietileno são grandes responsáveis por problemas ambientais, que vão desde sua fabricação, a partir de combustíveis fósseis que emitem gases poluentes, até seu destino final, nos lixões e aterros sanitários, onde criam camadas impermeáveis que impedem a decomposição de materiais biodegradáveis e afetam as trocas gasosas. É, portanto, imprescindível o desenvolvimento de métodos e estratégias que possam reverter ou impedir os efeitos negativos das sacolas plásticas no ambiente. Recentemente, foi verificado que larva da mariposa Galleria mellonella (L.) é capaz de ingerir e degradar o polietileno, excretando polietilenoglicol. Porém, não é possível apontar a espécie como potencial agente sustentável de biodegradação de material plástico principalmente porque não há dados sobre os efeitos da ingestão desse material sobre o desenvolvimento ontogenético das larvas nem sobre sua reprodução. Considerando que um sistema de biodegradação idealmente sustentável deve se manter ativo ao longo do tempo, sem que haja necessidade de interferências externas constantes, faz-se necessário investigar tais efeitos para que, somente então, se possa estabelecer se a espécie em questão é realmente uma alternativa para a biodegradação sustentável de plásticos, principalmente das sacolas plásticas. Assim, o objetivo desse projeto é responder se há efeitos negativos sobre o desenvolvimento ontogenético de Galleria mellonella após a ingestão do polietileno pelas larvas. Para testar essa hipótese, foram coletadas larvas de caixas de abelha abandonadas e suas cápsulas cefálicas foram medidas para determinar seu estágio de desenvolvimento. Então 84 larvas foram submetidas a três dietas diferentes: TR: ração (grupo controle); TP: plástico e TM: mistura ração-plástico (1:1). As pupas resultantes foram pesadas e os adultos que emergiram foram sexados e separados em casais. Depois do acasalamento, foram contados os ovos depositados por cada casal. As análises de variância dos dados biométricos das capsulas cefálicas mostraram que as 84 larvas estavam em estágio semelhante de desenvolvimento antes de serem submetidas aos tratamentos (largura da cápsula cefálica: F(2, 81)=2,433, P=0,094; altura da cápsula cefálica: F(2, 81)=1,339, P=0,267). As pupas das larvas alimentadas com ração e com dieta mista desenvolveram mais massa do que aquelas alimentadas com plástico (F (2, 79)=8,613, P=0,0004) e, embora não tenha havido diferença na oviposição das fêmeas alimentadas com dietas diferentes (F(2, 18)=3,464, P=0,0534), foi verificada menor eclosão dos ovos provenientes das larvas alimentadas com plástico (F(2, 18)=4,019, P=0,003). Os resultados mostram que há efeitos negativos da ingestão de plástico puro sobre o desenvolvimento das larvas de G. mellonella, porém, quando o plástico está misturado com matéria orgânica não há diferença entre as dietas. Portanto, há potencial para a utilização sustentável de G. mellonella para a degradação de polietileno. |