Resumo |
No campo da Didática das Ciências inúmeras discussões que visam dar resposta a uma educação científica mais satisfatória têm sido propostas. Isso porque, verifica-se nas escolas, a realização de um ensino de Ciências insuficiente em promover o desenvolvimento do pensamento crítico e de atitudes conscientes nos alunos. Diante disso, algumas políticas públicas de formação docente tais como o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência e o Residência Pedagógica têm sido elaboradas com vistas a melhorar a qualidade da formação inicial dos professores e do ensino. Nesse sentido, buscando refletir sobre os processos de construção do conhecimento pelos alunos em sala de aula, esse trabalho se insere no âmbito do Programa Residência Pedagógica e buscou analisar o desenvolvimento de habilidades cognitivas pelos estudantes nas aulas de Química, empregando para isso observação das salas de aula de Química e aplicação de questionários aos estudantes de uma Escola Pública da cidade de Viçosa-MG, localizada em uma área de vulnerabilidade social e que atende a um público cujo perfil reflete, em sua maioria, estudantes de classe média do sexo masculino, com idades entre 16 e 18 anos, residentes em bairros da cidade de Viçosa-MG, com renda familiar de um a três salários mínimos e trajetória escolar vivenciada integralmente na rede pública. Verificamos o incentivo e desenvolvimento de atividades de repetição, memorização e transmissão expositiva dos conteúdos, as quais estão associadas ao desenvolvimento de habilidades cognitivas de baixa ordem e pouco contribuem para desenvolver o raciocínio e habilidades relacionadas à autonomia intelectual e formação do pensamento crítico no estudante. Verificamos ainda, dificuldades dos alunos no que se referem aos conhecimentos básicos e necessários à apropriação do novo conceito, uma grande defasagem em relação aos conhecimentos matemáticos e linguísticos necessários à resolução dos problemas, e dificuldades em relacionar conhecimento científico e cotidiano, o que ratifica a existência de um ensino orientado para o desenvolvimento de habilidades cognitivas de baixa ordem, as quais são insatisfatórias para que alfabetização científica possa ocorrer, na medida em que aprisionam o aluno em uma situação de baixa atividade cognitiva, limitando o estabelecimento de novas relações cognitivas mais complexas, contribuindo, assim, para aprisionar os estudantes em uma situação de pouca autonomia intelectual. Com isso, se pretendemos promover no aluno a autonomia na resolução de problemas e o desenvolvimento do pensamento crítico torna-se necessário investir em formas de interação cognitivas de ordem mais alta, elaborando questões que estimulem dimensões do pensamento avaliativo, criativo e explicativo, permitindo ao aluno levantar hipóteses, expressar suas ideias, estabelecer relações, questionar o conhecimento e, até mesmo, a si próprio. |