Resumo |
Introdução: Entre os anos de 2007 e 2009 o Brasil tornou-se o principal consumidor de agrotóxicos do mundo, ultrapassando 1 milhão de toneladas. Os trabalhadores rurais vêm aumentando as dosagens desses produtos ao longo dos anos devido as resistências de algumas pragas, e a exposição ocupacional ocorre principalmente pelo manuseio incorreto desses produtos, levando a intoxicações, que são estimadas na casa de 3 milhões em um ano com 250 mil mortes ao redor do mundo, segundo dados da OMS. No Brasil as notificações por intoxicações são obrigatórias. No entanto, diversas intoxicações não são registradas; além disso, muitas informações são incompletas. Devemos compreender ainda que a exposição ocupacional também ocorre em todo o ciclo de produção e uso. Grandes quantidades dessas substâncias são liberadas no ambiente e todos ao seu redor podem se intoxicar, sendo, portanto, um perigo potencial para humanos e animais e meio ambiente. Objetivos: avaliar as condições de vida, trabalho e manejo de agrotóxicos da população de trabalhadores rurais da cidade de Teixeiras-MG. Métodos: trata-se de um estudo transversal descritivo realizado com trabalhadores rurais da cidade de Teixeiras-MG. A amostra foi composta por 63 trabalhadores expostos ao uso de agrotóxicos e 129 não expostos. A coleta de dados aconteceu entre os meses de março e setembro de 2018. Os instrumentos utilizados foram um questionário semiestruturado, Inventário de Depressão de Beck (BDI) e o General Health Questionnaire-12 (GHQ-12). Foi realizada uma análise descritiva dos dados. Para verificar a independência da distribuição dos eventos entre os grupos expostos e não expostos foi utilizada a estatística qui-quadrado. As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Resultados: A maioria entende que agrotóxicos é veneno (71,4% expostos e 89,0% não expostos). Sabem o que é Equipamento de Proteção Individual (65,0% expostos e 50,4% não expostos), porém não fazem uso (66,7% expostos). Entre os expostos a maioria apresentou indicativos de depressão (BDI: 77,8%; GHQ-12: 54,0%) enquanto a maioria entre os não expostos não apresentou depressão (BDI 89,9%; GHQ-12: 82,4%). Conclusão: Embora os resultados sejam importantes e coerentes com a literatura disponível, há necessidade de continuidade do presente estudo para melhor elucidar o tipo de achados encontrados. A divulgação desses impulsionará a elaboração de políticas públicas voltadas para a proteção da saúde dos trabalhadores rurais. |