Resumo |
O estado do Amazonas, maior em extensão territorial do Brasil, se destaca pela imensa floresta tropical, biodiversidade, rios volumosos e igarapés. As duas principais bacias hidrográficas são a Bacia do Solimões e a Bacia do Rio Negro, a primeira possui águas barrentas e a segunda, águas escuras. Essas diferenças em relação as características das águas ocorrem devido as diferentes formações geológicas existentes nessa região: enquanto a calha do Rio Solimões é influenciada diretamente por Depósitos Aluvionares ainda ativos. A bacia do Rio Negro, predomina a formação geológica consolidada chamada Alter do Chão. No entanto, há poucos estudos sobre os solos desses ambientes dinâmicos, principalmente relacionado com a mineralogia. O objetivo deste trabalho é, portanto, comparar a mineralogia dos solos das bacias do rio Solimões e rio Negro. Foram coletadas amostras de solo em áreas naturais nas profundidades de 0-20 cm e 60-80 cm. Determinou-se o pH em água e a caracterização mineralógica de cada fração granulométrica através de difratômetro de raios-X no laboratório de mineralogia da Universidade Federal de Viçosa. O pH dos solos da Bacia do Solimões variou de 3,9 a 4,6 e de 3,4 a 3,6 para os solos da Bacia do Rio Negro. Nas amostras de solos da bacia do rio Solimões há predominância dos minerais caulinita (Ct) e goethita (Gt) na fração argila, quartzo (Qtz) e caulinita na fração silte e apenas quartzo na fração areia, sem diferença aparente entre as camadas de 0-20 cm e 60-80 cm. Os solos da bacia do rio Negro apresentaram apenas Ct na fração argila, Qtz e Ct na fração silte e somente Qtz na areia. O Rio Solimões de aspecto turvo, apresenta sedimentos em suspensão os quais são depositados sobre os solos submetidos à inundação intermitente, uma vez que o relevo plano dessa região permite essa dinâmica fluvial. Essas características fazem com que os solos de sua bacia sejam sempre alimentados com novos materiais inorgânicos e, assim, pode-se observar na fração argila caulinita, goethita e em alguns casos a ocorrência de minerais 2:1 nos difratogramas. As águas do Rio Negro manifestam grande quantidade de material orgânico, particularmente ácidos húmicos oriundos da drenagem dos solos arenosos das campinas, e pobreza de sedimentos inorgânicos, o que não contribuem positivamente para renovação da mineralogia dos solos, justificando-se apenas caulinita na fração argila. Além disso, os solos são bastante erodidos e lixiviados por estarem mais tempo submetidos aos processos de intemperismo. A mineralogia dos solos estudados é fortemente influenciada pelas características físico-químicas das bacias hidrográficas. |