Resumo |
As Ciências Exatas são vistas como difíceis pela maioria dos alunos de Ensino Médio (EM). Parte desse problema tem origem na forma como os conteúdos de Ciências são organizados no Ensino Fundamental (EF). Até o 8º ano do EF predominam nas aulas de Ciências temas de Biologia. A Química e a Física são introduzidas apenas no 9º ano. Esta mudança brusca cria barreiras em relação a estas disciplinas, principalmente se as aulas forem apenas expositivas e densas de modelos abstratos, sem contextualização. A tabela periódica, por exemplo, ainda consiste para muitos alunos, em informações para memorização. Este trabalho descreve uma estratégia didática elaborada como parte do projeto de extensão “Químicas, Físicas e Engenheiras em Ação: Construindo Conhecimento”, com apoio do CNPq/MCTIC/MEC, que visa incentivar as meninas a seguirem carreiras em Ciências Exatas e Tecnológicas. Uma bolsista de Iniciação Científica Júnior do projeto (1º ano do EM) realizou estudos e produziu o jogo didático denominado “Aventura na Tabela Periódica”, trazendo a tabela periódica como tabuleiro. O jogo foi aplicado para turmas do 9º ano do EF. Os alunos, em equipes, recebem uma carta-objetivo indicando um elemento químico da tabela periódica. Em cada rodada a equipe sorteia uma carta com uma pergunta sobre elementos químicos, isótopos, distribuição eletrônica e outros conceitos relacionados à tabela periódica. Se a equipe responde corretamente, ganha o direito de jogar o dado e percorrer o número de casas correspondentes, no tabuleiro. Esse deslocamento é feito por meio de peões coloridos. A equipe que alcança primeiro a casa de seu elemento-objetivo vence. Para avaliar esta proposta didática, um questionário com 4 perguntas sobre os conteúdos abordados no jogo foi respondido pelos alunos antes da atividade. Após o jogo, o questionário foi repetido com perguntas de dificuldade equivalente. Observou-se um aumento no número de acertos em 3 perguntas, passando de uma média de 78% de acertos para 85%. Entretanto, a quarta questão teve uma inesperada redução de 77% para 14% de acertos. Verificou-se que o problema não estava diretamente relacionado ao jogo, mas ao enunciado da pergunta. A equipe identificou a causa: a maioria dos estudantes acreditava que o principal constituinte da atmosfera terrestre era o oxigênio e não o nitrogênio. Como as atividades com essas turmas de 9º ano terão continuidade, este problema indicou o próximo tema a ser trabalhado: será desenvolvida uma atividade prática sobre os constituintes da atmosfera para que a dúvida seja resolvida. Em relação ao jogo, os estudantes o avaliaram positivamente também do ponto de vista lúdico. Assim, conclui-se que a atividade foi proveitosa no sentido de aumentar o interesse pela Química, melhorando também os conhecimentos sobre a tabela periódica dos elementos químicos. Participar da elaboração e aplicação do jogo também foi positivo para a estudante do EM, que revisou e ampliou conceitos sobre esses conteúdos. |