Resumo |
O discurso jornalístico pode ser entendido como uma prática social com um potencial informativo e com uma capacidade de representação do mundo e da sociedade. Tomando por baliza o Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros (FENAJ, 2007) é importante salientar que a Federação Nacional demarca como um dos deveres dos jornalistas a defesa dos princípios expressos na Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948). Nesse trabalho buscamos analisar, em uma perspectiva discursiva, de que maneira o jornalismo se faz uma prática humanizada e humanizadora, guiada pelos preceitos dos direitos humanos, através da análise de manuais de jornalismo humanizado propostos a partir de demandas sociais percebidas. Adotamos como pressupostos teórico-metodológicos a Análise do Discurso de vertente francesa, sabidamente a Teoria Semiolinguística (CHARAUDEAU, 2008). Trabalhamos com o conceito de imaginários sociodiscursivos proposto por Charaudeau (2017) para explicar de que maneira as representações de determinados grupos sociais no discurso jornalístico acabam estigmatizando e marginalizando minorias. Trabalhamos, também, com o conceito de jornalismo humanizado (IJUIM; SARDINHA, 2009), entendendo que este conceito se relaciona com uma área de estudos recente e que carece de mais pesquisas científicas aprofundadas, aliando uma demanda social com uma necessidade acadêmica. Partimos da análise de manuais de jornalismo humanizado propostos por coletivos e grupos sociais, por entendermos a produção desse tipo de manual como a visão de uma necessidade e demanda da sociedade por uma prática jornalística diferenciada. Especificamente, analisamos os minimanuais de jornalismo humanizado publicados pela ONG feminista Think Olga, buscamos perceber, através deles, as insatisfações da sociedade em relação ao jornalismo nos padrões tradicionais. Nessa análise buscamos entender de que maneira esses manuais se apresentam e de que forma propõem mudanças no fazer jornalístico tradicional. Como perspectivas desse trabalho, destacamos a análise discursiva desses objetos como forma de perceber se a relação entre jornalismo e direitos humanos, proposta no código de ética da profissão, está presente na prática profissional cotidiana dos jornalistas. |