Resumo |
Introdução: Nos últimos anos têm ocorrido o decréscimo dos níveis de atividade física (AF) e competência motora (CM) em crianças, que pode estar associado às condições de vida do indivíduo e estatuto socioeconômico (ESE). Contudo, não há consenso acerca do papel do ESE sobre AF e CM neste público, e dado que estas variáveis se associam a indicadores relacionados à saúde e desenvolvimento de crianças, com repercussão para a vida adulta, faz-se relevante a compreensão desta relação, como forma de predizer seus impactos e minimizá-los em uma geração futura. Objetivo: Investigar a associação do ESE com os níveis de AF e CM em escolares, com idades entre 6 e 10 anos da cidade de Viçosa-MG e adjacências. Metodologia: Foram avaliadas 184 crianças, de ambos os sexos, com idade entre 6 e 10 anos, das quais foram obtidas informações demográficas (através de questionário), socioeconômicas (questionário ABEP), dos níveis de AF (pedômetro) e da competência motora real (TGMD-2). As análises estatísticas foram realizadas no programa estatístico SPSS® versão 22, tendo sido utilizado os testes de Kruskal-Wallis, Mann–Whitney e correlação de Spearman, mantendo-se nível de significância de 5%. Resultados: Relativamente ao ESE, observou-se a distribuição dos indivíduos nas classes categorizadas A-B (f=32, P=17,4%), C (f=93, P=50,5%), D-E (f=59, P=32,1%). Em relação aos níveis de AF, constatou-se que a grande parte das crianças não atinge o nível recomendado passos/dia (f=173, P=94%). Quando analisadas diferenças na AF entre grupos etários, sexo e ESE, diferenças significativas foram observadas apenas entre os grupos etários, entre as idades 6 e 10 anos (p=0,003) e 7 e 10 anos (p=0,047) (p=0,040), e teste de Kruskal-Wallis revelou associação significativa entre AF e idade (p=0,040). Similarmente, para a CM, diferenças foram observadas apenas para a idade, entre as idades 6 e 8 anos (p<0,001), 6 e 9 anos (p<0,001), 6 e 10 anos (p<0,001), 7 e 8 anos (p<0,001), 7 e 9 anos (p=0,008) e 7 e 10 anos (p<0,001), dessa forma crianças de 6 e 7 anos apresentam maiores níveis de CM quando comparadas aos seus pares de 8, 9 e 10 anos. Não foram significativas as diferenças de AF entre sexo e ESE (p>0,005). Os resultados da correlação não mostraram a existência de correlações entre ESE com os níveis de AF e CM (p>0,05). Conclusão: Os resultados indicam que não houve associações entre o ESE e os níveis de AF e CM. Contudo, foi possível evidenciar diferenças nos níveis de AF e CM de indivíduos mais jovens se comparado as faixas etárias posteriores, o que revela a necessidade de intervenções para o incremento de AF e desenvolvimento no padrão coordenativo das crianças, engajamento em AF e melhoria na qualidade de vida. |