Resumo |
A espécie Anthurium bromelicola (Araceae) é micro endêmica de bromélias-tanque do Nordeste do Brasil. Apresenta um hábito epifítico, além de características morfológicas muito divergentes em relação às demais espécies do gênero. O objetivo deste trabalho é uma revisão sobre aspectos taxonômicos e morfológicos da espécie, visando a conservação ex situ. Para realização da pesquisa de revisão, foram realizadas consultas a todos os trabalhos científicos em que a espécie foi citada, reunindo assim informações sobre a sua ecologia e morfologia. Para complementar os dados, exemplares da espécie foram observados e herborizados a partir do cultivo na Unidade de Pesquisa e Conservação de Bromeliaceae (UPCB), na UFV. O material coletado foi herborizado e depositado no Herbário da UFV (VIC), com número de registro 052200. Anthurium bromelicola é uma erva de hábito epifítico, com caule tipo haste, folhas carnosas, glabras, incompletas com formato ovado e bordos inteiros. Possui entrenós longos, que se entrelaçam ao tanque de bromélias, produzindo suas folhas de tal modo que possam receber luz direta do sol. Os nós apresentam prófilo (catafilo) que recobre e protege as gemas axilares dormentes. De cada região nodal são emitidas raízes únicas, não ramificadas, em direção ao tanque da bromélia hospedeira. Dentro do tanque das bromélias, as raízes apresentam muitas ramificações, formando um emaranhado que se estabelece junto aos resíduos (folhas, galhos etc.) da cisterna. A espécie possui duas subespécies, A. bromelicola subsp. bromelicola que ocorre em bromélias de afloramentos rochosos no estado de Alagoas, nas regiões montanhosas da serra da Borborema, a cerca de 500 m de altitude, onde habita o tanque de Portea leptantha. No estado de Pernambuco, além de ser encontrada habitando o tanque dessa espécie, também ocorre em populações de Hohenbergia sp. Essa subespécie possui espádice com coloração preto-arroxeada e espata diferenciada em tubo e lâmina, com coloração roxo escuro e nervuras em sua face interna. A. bromelicola subsp. bahiensis ocorre na Bahia em bromélias terrestres, em áreas de vegetação de restinga sobre sedimento arenoso, em associação estrita com populações de Aechmea sp. Essa subespécie possui espádice amarelada, muito mais delgada, com menor número de flores e espata de coloração rosada, não diferenciada em tubo e lâmina, sem nervuras na face interna. A sua ocorrência em fragmentos vegetacionais cercados por atividades agropecuárias, associada ao seu micro endemismo, podem dificultar consideravelmente a conservação in situ da espécie. Nesse contexto, programas de pesquisas devem ser desenvolvidas em prol de sua conservação. Além disso, sugere-se a ampliação do seu cultivo em Coleções Botânicas (conservação ex situ) como é feito na Unidade de Pesquisa e Conservação de Bromeliaceae (UPCB), na Universidade Federal de Viçosa (UFV). |