Resumo |
A produção e exportação de carne suína é uma atividade de suma importância para o agronegócio brasileiro. Em Minas gerais, especialmente na Zona da Mata, a produção intensiva de suínos produz elevado volume de dejetos, o qual possui alto potencial poluidor. Por sua vez, esses dejetos podem ser tratados por meio da digestão anaeróbia, sendo a geração de eletricidade a partir da recuperação do biogás de biodigestores uma alternativa de interesse. Neste sentido, o presente trabalho objetivou avaliar a produção de biogás por meio de balanço de massa em uma suinocultura localizada no município de Teixeiras, Minas Gerais. A granja apresenta ciclo completo, com vazão de dejetos de 110 m³.d-¹, os quais são direcionados para dois biodigestores modelo lagoa coberta (BLC), operados em paralelo, com capacidade volumétrica de 1250 m³ cada. Em termos de qualidade de efluentes, semanalmente foram realizadas análises de demanda química de oxigênio (DQO) para o afluente e efluente dos biodigestores e análise de Sólidos Totais no lodo coletado na base dos biodigestores. Em adição, a temperatura no interior dos biodigestores foi monitorada por sensores. O período de monitoramento compreendeu de agosto a dezembro de 2018. O afluente dos biodigestores apresentou concentração média de 2.215 kg DQO d-¹ e de 850 kg DQO d-¹ para o efluente, com produção média de biogás estimada em 207 m³ d-¹. Em relação a rota de degradação, 60% da DQO permaneceu no efluente e apenas 23 % foi convertida em gás metano, com produção de lodo em torno de 10%. No entanto, esses resultados divergiram das faixas típicas encontradas na literatura para reatores anaeróbios de fluxo ascendente, os quais reportam valores de conversão de DQO aplicada em metano na faixa de 50 a 70%. A baixa eficiência observada nos biodigestores pode estar associada ao tempo de detenção hidráulica (TDH), uma vez que é recomendado TDH em torno de 28 a 32 dias para esse tipo de configuração, no sistema monitorado o TDH foi estimado em 22 dias, o que pode ter sido fator limitante para as rotas de degradação da matéria orgânica, limitando o processo metanogênico. Outro fator que pode interferir na eficiência é a temperatura, a qual esteve abaixo da temperatura mesofílica recomendada (35,0 – 37,0°C), os valores observados no interior dos biodigestores variaram entre 21,0°C a 25,1°C. Adicionalmente, a baixa produção de biogás pode estar relacionada ao elevado teor de sólidos totais na alimentação do biodigestor, os quais não são separados em tratamento primário, o que pode comprometer o volume útil dos biodigestores e reduzir o TDH do sistema. Espera-se que a produção de biogás seja otimizada com maior controle operacional, separação de sólidos grosseiros em nível primário e recuperação energética do calor liberado do sistema de cogeração para a manutenção de temperaturas mais elevadas no interior dos biodigestores. |