Resumo |
O presente trabalho tem por objetivo apresentar um panorama racial dos estudantes de graduação da UFV e refletir sobre a presença da população negra nesta Universidade. A abordagem de pesquisa utilizada foi a abordagem quantitativa, utilizando como método para produção dos dados o levantamento quantitativo junto aos órgãos pertinentes dentro da UFV. Foram analisados os seguintes dados: sexo; distribuição da população negra nos respectivos Centros de Ciências; cursos; naturalidade; ano de admissão; coeficiente de rendimento acumulado; participação em projetos de iniciação científica e extensão; acesso à bolsa moradia e bolsa alimentação. Os dados são de agosto de 2018 e apontavam uma população de 10.639 estudantes de graduação no Campus Viçosa, sendo 5.342 do sexo masculino e 5.297 do sexo feminino. Cerca de 77% destes são mineiros, 5.128 se autodeclaram brancos, 1.144 pretos, 3.732 pardos, 189 amarelos e 57 indígenas. Somando pretos e pardos, tem-se um total de 45,83% da população dos discentes da UFV. A partir de um recorte de gênero, temos: 2.497 estudantes mulheres brancas, 595 pretas, 1.861 pardas, 112 amarelas, 27 indígenas e 205 não declararam sua raça/cor. Quanto aos serviços de assistência estudantil oferecidos pela Universidade, 437 estudantes brancas acessam a bolsa alimentação, 229 pretas e 577 pardas. A bolsa moradia é acessada por 221 estudantes brancas, 131 pretas e 310 pardas. Quanto ao coeficiente de rendimento não se observou diferença significativa nos coeficientes acumulados pela população branca, preta, parda e amarela. A diferença entre estudantes brancas e pretas não atinge nem sequer dois pontos percentuais, nem mesmo quando somadas pretas e pardas. A participação em projetos de iniciação científica assim se divide: 147 mulheres brancas; 94 pardas, 28 pretas. Quanto aos projetos de extensão temos: 11 mulheres autodeclaradas brancas; 15 pardas e 3 pretas. Os resultados desta pesquisa evidenciaram a relação da composição racial da UFV em comparação com a média nacional. A aproximação do número total de estudantes brancos e negros surpreende as expectativas de representatividade da população negra em uma universidade pública federal, sendo essa uma característica positiva da Universidade. Todavia, essa expressão numérica deve ser traduzida em políticas de permanência para que essa população conclua a graduação. As políticas de permanência na Universidade, como bolsa moradia e bolsa alimentação, estão atravessadas pelas questões raciais, visto que a maior parte das mulheres que as acessam são negras. Este levantamento poderá ser utilizado pela instituição como subsídio na formulação de políticas e programas de permanência dos sujeitos negros na UFV, bem como avançar no combate ao racismo estrutural e institucional, abrindo caminhos para a construção de uma sociedade racialmente igualitária e socialmente justa, tendo as instituições de ensino superior como protagonistas neste processo de transformação social. |