Resumo |
A distocia é um evento pouco frequente em éguas, porém é uma ocorrência obstétrica de grande importância, pois pode apresentar risco à vida da égua e do feto, sendo caracterizada como caso de emergência. Além disso, os cuidados pós-parto nesses casos se mostram fundamentais para evitar a ocorrência de complicações secundárias como a laminite, em decorrência de uma endometrite que venha a levar a um quadro de toxemia e septicemia. O objetivo do presente trabalho é apresentar um estudo de caso relacionado à distocia de uma égua associada ao surgimento de laminite. Trata-se de uma égua da raça Mangalarga Marchador, de 4 anos de idade com 330kg de peso corporal. Segundo o proprietário, o animal apresentava vacinação contra raiva, encefalomielite viral equina, tétano, influenza eqüina 1 e influenza eqüina 2 e vermifugação em dia, além de nutrição balanceada conforme sua categoria.O animal deu entrada no Hospital Veterinário 12 horas após o parto de um potro morto. Segundo relatou o proprietário, a égua entrou em trabalho de parto durante a madrugada do dia 28/01/2019, mas devido ao tamanho exagerado do feto foi necessário auxílio para a retirada do mesmo, que acabou nascendo morto. Após esse evento, a égua apresentou secreção vaginal, desconforto abdominal e apatia. Durante o atendimento clínico do animal, foi realizada ultrassonografia transretal para avaliação da condição uterina, mediante a qual foi detectada a presença de líquido intrauterino. Diante desse achado, foi realizado lavado uterino com soro Ringer Lactato, até a obtenção de um recuperado líquido limpo. Além disso, foi realizada radiografia da terceira falange dos membros torácicos e pélvicos, mediante a qual foi constatado um quadro de laminite. O tratamento realizado teve como base a utilização de antibióticos e antiinflamatórios, tendo um período de duração de 14 dias, após o qual a égua recebeu alta médica. As drogas utilizadas foram Pentoxifilina (10mg/kg, BID, durante 13 dias), Flunixin Meglumine (0,25mg/kg, SID, durante 3 dias), Omeprazol (2mg/kg, SID, durante 15 dias), Firocoxib (0,3mg/kg, SID, durante 12 dias), Florfenicol (20mg/kg, 3 aplicações a cada 48h), Enrofloxacina (7,5mg/kg, SID, durante 6 dias) e colocação de ferradura de madeira (ferrageamento terapêutico). Através desse relato de caso, percebe-se como alterações reprodutivas podem ter como consequência outras doenças, como a laminite. Desse modo, o diagnóstico precoce auxilia na melhor recuperação do animal, possibilitando que o tratamento utilizado seja efetivo. A associação de antibióticos (Pentoxifilina, Florfenicol e Enrofloxacina) e antiinflamatórios (Flunixin Meglumine e Firocoxib) se mostrou eficaz na prevenção de uma possível toxemia e septicemia, juntamente com o ferrageamento terapêutico propiciaram o tratamento da laminite. |