Resumo |
O presente trabalho apresenta uma revisão bibliográfica sobre a evasão escolar no Brasil, tendo como foco de análise a discussão das principais dificuldades encontradas pelos estudantes das camadas populares para permanecer nas escolas públicas do país. Utilizou-se como fundamentação teórica os estudos do sociólogo Pierre Bourdieu que contribuiu de maneira incisiva na compreensão do papel reprodutivista da escola ao desmistificar a ideia da neutralidade escolar. Embora exista o processo de massificação do ensino e a criação de legislações específicas que visaram garantir a educação com direito de todos, como por exemplo a Constituição federal de 1988 nos artigos 205 e 227 que afirma que que a educação é um direito incontestável e irrevogável que deve ser assegurado pelo estado, família com a colaboração da sociedade. Consideramos que a escola é um espaço social dinâmico e estruturado, em que interesses, objetos de disputa, estratégias e regras elaboram sistemas e disposições que integram um complexo sistema de posições de dominação ou de subordinação, o que influencia o cotidiano escolar, especificamente, o fenômeno da evasão escolar, nosso objeto de estudo. Com base revisão bibliográfica realizada, compreendemos que a evasão escolar possui a intercessão de vários fatores que estão diretamente relacionados à instituição escolar, como também de outros elementos que extrapolam os muros das escolas, como Bourdieu aponta no que se refere às inferências dos capitais social, econômico e cultural. Nos currículos, nos métodos de ensino e de avaliação os alunos precisam desenvolver um habitus que atendam às exigências escolares, exigências essas em que, da maneira como se colocam, tornam-se uma violência simbólica para com os estudantes, já que há grande divergência entre o capital cultural dos estudantes das classes populares e da escola. As possíveis causas da evasão escolar apontadas por pesquisadores do campo da educação podem ser compreendidas a partir da analogia a um quebra-cabeças, em que na imagem final tem-se uma produção sistemática de desigualdades, que afetam a sociedade, a família e, consequentemente, a escola. Para superarmos a evasão escolar faz-se necessário que as mudanças alcancem o problema em toda a sua amplitude: o Estado precisa assumir a responsabilidade de criar políticas públicas efetivas que contemplem a população e diminua as desigualdades sociais, permitindo que os estudantes, de maneira geral, possam ter acesso a um sistema de ensino de qualidade socialmente referenciada, que compreenda os diferentes pontos de partidas do estudante, ou seja, uma construção necessária que compreenda as dimensões intra e extraescolares do estudante. No entanto, a evasão escolar ainda é um desafio educacional a ser superado. |