Outros membros |
ALINE DUARTE BATISTA, Beatriz Ferreira da Graça Pego, CARLOS HENRIQUE OLIVEIRA SILVA, Glauber Cardoso Guimaraes, Leonardo Antunes Moreira Soares, Liara de Azevedo Cassiano, Márcia Fernandes Quintão da Silva, Wilson Fernando Pereira da Silva |
Resumo |
De acordo com o Censo Escolar de 2016, o Brasil possui, na educação básica, 21.987 estudantes surdos e 328 alunos com surdocegueira. Sabe-se que a maioria desses estudantes surdos pertencem a famílias ouvintes, e que grande parte deles não são estimulados para aquisição da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) desde pequenos. Tal situação somada ao modelo inclusivo sem adaptações pedagógicas, geram diversas dificuldades no processo de escolarização dos surdos. Quando os mesmos não possuem a garantia de seus direitos, como o atendimento educacional especializado (AEE) e o intérprete de LIBRAS, e estão dispersos em diferentes escolas, esse processo torna-se ainda mais difícil. Na busca por reduzir essa carência no município de Viçosa, o Movimento Bilíngue Surdo de Minas Gerais e a Universidade Federal de Viçosa (UFV) estruturaram, em 2015, o projeto de extensão BioLIBRAS, consolidando a Sala de Aprendizagem Bilíngue (SAB). O objetivo do projeto é contribuir com a formação dos estudantes surdos do Ensino Fundamental de Viçosa e região, por meio do desenvolvimento da identidade surda, da LIBRAS e da iniciação à Ciências bilíngue, bicultural e socialmente referenciada; da formação básica em LIBRAS das famílias; e do apoio aos professores das escolas inclusivas de Viçosa. Atualmente, participam das oficinas semanais realizadas na SAB, sete estudantes surdos e quatro familiares. A partir do diagnóstico participativo com as famílias, constatou-se a necessidade de se trabalhar educação sexual com os estudantes. Portanto, a sequência didática construída no primeiro semestre de 2019 teve como tema central o desenvolvimento humano, biológico e social, ao longo da vida. Foram trabalhados assuntos como: puberdade, diferenças físicas entre o corpo masculino e feminino, direitos iguais para homens e mulheres, menstruação, fecundação, gravidez, gravidez na adolescência e métodos contraceptivos. No total foram realizadas 12 oficinas, com atividades lúdicas, estruturadas a partir da pedagogia visual. Algumas oficinas foram desenvolvidas com os estudantes junto de seus familiares, e outras com os familiares separados, buscando a sensibilização para a importância dos assuntos abordados com os estudantes. Durante a sequência priorizou-se o protagonismo do professor surdo, garantindo o local de fala e a representatividade, além da interação entre os surdos, visto que a maioria deles está isolada em um mundo de ouvintes, tanto na escola como em casa. Essa interação tem sido imprescindível para a aquisição da cultura surda e identidade entre os estudantes. Foi identificado, por meio dos relatos visuais dos estudantes surdos, desenvolvidos ao longo da sequência e ao final, o avanço do conhecimento sobre o desenvolvimento humano, do próprio corpo e de seu funcionamento. Além disso, os estudantes demonstraram pensamento crítico em relação aos direitos iguais entre homens e mulheres e à responsabilidade com as escolhas feitas durante a vida. |