Resumo |
Na produção leiteira há manejos que interferem na saúde do rebanho e na qualidade do leite. Para regulamentar estas práticas o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece critérios em Instruções Normativas (IN). O estudo avaliou o manejo sanitário e produtivo e parâmetros de qualidade do leite. No período de outubro a dezembro de 2018, foram realizadas visitas em 11 propriedades de agricultura familiar em transição agroecológica dos municípios de Divino e Muriaé, Minas Gerais. Para avaliação do manejo foi realizada observação participante durante a ordenha e aplicação de questionário para levantamento de informações sobre vacinação, vermifugação, controle de ectoparasitas e uso de medicamentos, número de ordenhas, tipo de alimentação, armazenamento do leite, quantidade de animais em lactação e de leite produzido e destinação do leite. Para avaliação da qualidade do leite, com base na IN no 62/2011, do MAPA, amostras de leite cru foram coletadas do latão logo após a ordenha para análises de Contagem Bacteriana Total (CBT), Composição Centesimal (gordura, proteína, lactose, extrato seco desengordurado) e Contagem de Células Somáticas (CCS). As vacas em lactação foram submetidas ao Califórnia Mastitis Test (CMT) e ao teste da caneca telada, para diagnóstico de mastite subclínica e clínica, respectivamente. O projeto foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais Universidade Federal de Viçosa (registro 75-2018). Nas propriedades, o principal tipo de alimentação para as vacas em lactação era pasto adicionado à silagem, capim picado e concentrado. Em 72,3% das propriedades eram realizadas duas ordenhas. O número de vacas em lactação variou de um a 11 animais/propriedade, totalizando 69 vacas em lactação. A produção total de leite por dia foi de 512 litros, com média de produção de 7,4 litros/vaca/dia e 46,6 litros/propriedade/dia. Em 81,8% das propriedades, o leite era vendido para laticínios. Verificou-se que todos os rebanhos eram vacinados contra raiva, 81,8% eram vacinados contra febre aftosa e 27,3% eram vacinados contra brucelose. Em relação aos medicamentos, 36,4% usavam homeopáticos e 72,3% alopáticos. Das 58 vacas em lactação submetidas aos testes, 51,7% apresentaram mastite subclínica e 1,4% mastite clínica, em pelo menos um dos quartos mamários. Sobre a qualidade do leite, 18,1% das propriedades produziam leite de acordo com os padrões de qualidade estabelecidos pelo MAPA. A CCS variou de 1,24 a 13,39 x 105 CS/ml e a CBT de 0,14 a 5,88 x 105 UFC/ml. Em sete (63,6%) propriedades, a CCS e CBT estavam abaixo do valor máximo estabelecido, e 36,3% apresentaram valores adequados em relação à composição centesimal. Duas propriedades atenderam simultaneamente todos os padrões de qualidade do leite. Os resultados apontam para a heterogeneidade nas propriedades visitadas quanto ao manejo de ordenha, número de animais, produtividade, manejo sanitário e qualidade do leite. |